Um mês longe do álcool pode trazer resultados surpreendentes para a saúde
Do UOL
Em São Paulo
Em São Paulo
- Eduardo Knapp/Folhapress
- Depois
de apenas cinco semanas sem beber, os participantes ficaram com 15%
menos gordura no fígado, perderam 1,5 kg e dormiram melhor
O "janeiro seco" é bem comum em países como o Reino Unido, onde um terço das mortes causadas por doenças do fígado tem relação com o abuso de bebida alcoólica. Por isso, uma equipe da própria revista decidiu se submeter a testes para identificar os reais benefícios dessas semanas de abstinência. Nenhum dos 14 participantes se descreve como "bebedor pesado", segundo o periódico (mas é bom lembrar que os britânicos bebem bastante).
A equipe foi acompanhada pelo médico Rajiv Jalan, do Instituto do Fígado e Saúde Digestiva da Faculdade de Medicina da Universidade de Londres (UCLMS). Apesar do pequeno número de pessoas, o especialista acredita que o experimento traz pistas importantes sobre os efeitos da abstinência para a saúde a curto prazo.
A equipe passou por uma rodada de exames e, então, dez dos integrantes ficaram cinco semanas sem consumir álcool, enquanto quatro mantiveram sua rotina habitual. Depois do período estipulado, os exames foram repetidos.
Resultados
Os resultados da turma que ficou sem beber impressionaram o médico: a quantidade de gordura no fígado caiu em média 15%, sendo que chegou a 20% para alguns indivíduos. Os níveis de glicose no sangue também despencaram em média 23%. A taxa de colesterol total teve redução de 5% e os participantes perderam 1,5 kg. O grupo que continuou bebendo não apresentou nenhuma alteração significativa nos exames.
Os participantes que ficaram sem beber ainda relataram melhora no padrão de sono e na concentração, o que se refletiu no desempenho profissional. O único lado negativo, relatou a equipe, foi a diminuição do convívio social - afinal, não poder beber é um empecilho para sair com os amigos.
Advertência
Jalan comenta que é impossível prever quão duradouros são esses benefícios. Mas ele acredita que os resultados são consistentes a ponto de justificar a realização de estudos maiores.
Outro especialista em doenças hepáticas, o médico Scott Friedman, do hospital Monte Sinai, em Nova York, também se impressionou com a rapidez com que os efeitos da abstinência apareceram.
Mas ele adverte que o experimento não deve servir de incentivo para que as pessoas exagerem nos 11 meses restantes. Para ele, a mensagem a ser passada é o quanto as pessoas podem se beneficiar de um período ainda mais longo de abstinência.
(clique aqui para ver Mitos e Verdades sobre o fígado)
Magros
também podem ter o fígado recheado de gordura. VERDADE: o hepatologista
Raymundo Paraná, professor da Universidade Federal da Bahia, conta que
pacientes magros com dislipidemia (presença de níveis elevados ou
anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue) ou resistência à
insulina de origem genética podem ter gordura no fígado de forma
semelhante aos obesos. "Especialmente diabéticos que nem sabem que têm a
doença", frisa a hepatologista Monica Viana. Ela conta que a pessoa
precisa fazer um exame para verificar o colesterol e triglicérides com
12 horas de jejum, mas que muitos laboratórios deixam o paciente
esperando e horas a mais causam diagnósticos errados. "Gordura no fígado
é uma epidemia. Quando chegam no hepatologista, já estão com 80% a 90%
do fígado destruído. Daí, só com um transplante", finaliza Leia mais Getty Images/iStockphoto/Arte UOL
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