'Precisamos elevar nossas vozes', disse Ban Ki-moon na Rússia.
País aprovou polêmica lei contra 'propaganda' gay antes de Jogos de Sochi.
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Ativistas
protestaram na noite de quarta (5) em Londres contra a legislação
antigay do presidente russo Vladimir Putin (Foto: AFP)
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
Ban Ki-moon, fez um apelo contra ataques a homossexuais em um discurso
nesta quinta-feira (6), durante reunião do Comitê Olímpico Internacional
(COI), às vésperas da abertura dos Jogos de Inverno de Sochi, na Rússia.
"Muitos atletas gays e heterossexuais são contra o preconceito.
Precisamos elevar nossas vozes contra os ataques a gays, lésbicas,
bissexuais, transgêneros ou intersex", disse Ban Ki-moon.A declaração foi feita em meio à polêmica provocada por uma lei russa
que pune, com multas e prisão, o ato de fazer "propaganda" da
homossexualidade a menores de idade. A lei, promulgada em junho do ano
passado pelo presidente russo Vladimir Putin, recebeu muitas críticas,
sobretudo no Ocidente.
"Devemos nos opor às detenções, prisões e restrições discriminatórias que os gays enfrentam", completou o secretário-geral da ONU.
Apesar da legislação, Putin prometeu que os Jogos de Inverno serão receptivos a todos.
Ao abordar o tema em um discurso na terça-feira (4) em Sochi, o presidente do COI, Thomas Bach, declarou que todos devem lutar contra as discriminações com base na orientação sexual ou qualquer outro preconceito.
"O esporte não deve ser uma tribuna para dissidências políticas ou para tentar marcar pontos por motivos de contestação política interna ou externa", disse Bach.
Na quarta-feira (5), a ONG All Out, de defesa do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), organizou manifestações em 19 cidades do mundo – de Nova York a Melbourne, na Austrália, passando por Paris e São Petersburgo, na Rússia, (mas não por Sochi) – dirigidas aos patrocinadores das Olimpíadas, para que eles "saiam do silêncio sobre as leis antigays russas".
Mais de 200 escritores de 30 países – entre eles, o britânico de origem indiana Salman Rushdie, a canadense Margaret Atwood, o americano Jonathan Franzen e quatro vencedores do Nobel de Literatura (o alemão Günter Grass, o nigeriano Wole Soyinka, a austríaca Elfriede Jelinek e o turco Orhan Pamuk) – assinaram uma carta aberta publicada nesta quinta-feira pelo jornal britânico "The Guardian", para denunciar as leis russas.
Os autores acusam a Rússia de "asfixiar" a criatividade. Eles afirmam que a lei contra a "propaganda de relações sexuais não tradicionais", a recente proibição da blasfêmia no país e as penas maiores contra a difamação "colocam particularmente em perigo os escritores".
"Uma democracia sadia deve ouvir as vozes independentes de todos os cidadãos. A comunidade internacional precisa ouvir e ser enriquecida pela diversidade das opiniões russas", completa a carta.
"Pedimos às autoridades russas que revoguem essas leis que amordaçam a liberdade de expressão", destaca o texto. Nele, os autores prometem que não ficarão calados quando observam "nossos amigos escritores e jornalistas forçados aos silêncio ou expostos a processos e, às vezes, a penas drásticas pelo simples fato de compartilhar seus pensamentos".
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