Na noite desta quarta, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo
Chinaglia, subiu à tribuna para defender o programa Mais Médicos. "Foi
dito no plenário, foi dito à imprensa, que o governo brasileiro mentiu
quando disse que o governo brasileiro assinou com a Opas o convênio que
permite que médicos cubanos cheguem ao Brasil. Mentiu quem disse que era
mentira do governo brasileiro", afirmou.
O líder também defendeu as condições de trabalho dos cubanos no Brasil.
"A doutora Ramona, como qualquer cidadão estrangeiro no Brasil, tem
direito a pedir refúgio ou asilo. E para isso não precisa de nenhum
escritório da Câmara [...].Ela mesma disse que os médicos cubanos estão
sendo bem tratados" e satisfeitos completou Chinaglia.
Ramona Rodriguez se disse 'enganada' com salário oferecido pelo governo, mas ela já sabia de todas as condições de trabalho e aceitou por outras razões.
Médica cubana Ramona Matos Rodriguez
A médica cubana procurou o que há de pior na política brasileira a liderança do DEM (PFL) na Câmara dos Deputados e protocolou na tarde desta
quarta-feira (5) no Ministério da Justiça, pedido de concessão de
refúgio. Com isso, mesmo com
o desligamento do programa Mais Médicos e a consequente perda de seu
visto de permanência no país, ela tem a garantia de poder viver no
Brasil até que o pedido seja julgado pelo Conselho Nacional para os
Refugiados (Conare), vinculado à pasta.Ramona se mudou para o Brasil em 2013 para participar do programa Mais Médicos, que traz profissionais estrangeiros para trabalhar no interior do país e na periferia de grandes cidades. A cubana decidiu pedir abrigo e asilo político em Brasília após descobrir (versão da cubana) que os médicos com nacionalidade diferente que também participam do programa recebem bolsa de R$ 10 mil.
Segundo Ramona, o governo cubano repassa a ela, por mês, valor equivalente a US$ 400. Durante o curso de preparação a Ramona poderia desistir ou seja não aceitar as condições, já que não foi obrigada a participar do programa.
Depois que Ramona fugiu no último sábado de Pacajá, no Pará, onde estava atuando, para Brasília, ela foi abrigada no gabinete na liderança do DEM na Câmara. Nesta tarde, o Ministério da Saúde anunciou que ela será desligada do Mais Médicos por abandono. O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou que, sem estar no programa, ela fica impedida de exercer atividade médica no Brasil e perde seu visto de permanência.
"Já temos o protocolo recebido do Ministério da Justiça e, já com esse recibo, ela está totalmente liberada num refúgio temporário, até que seja julgado o processo no Conare", afirmou o vice-líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO). De acordo com Caiado, apesar de não poder exercer atividade de médica fora do programa, a cubana recebeu propostas de entidades médicas para fazer outros trabalhos.
No ano passado, quando os primeiros médicos cubanos chegaram ao Brasil, o governo brasileiro divulgou o valor que cada profissional receberia pelo contrato feito com Cuba por intermédio da Organização Panamericana de Saúde (Opas).
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