Spanta Neném - "povo do asfalto" em festa na favela
No início o Spanta Neném era apenas um bloco de carnaval. Hoje em dia agrega uma festa audaciosa que mistura dois mundos completamente diferentes e ainda promove a conscientização de um projeto social. Essa evolução abrange a atual realidade dos cariocas que convivem e visitam o Morro Santa Marta, em Botafogo, Rio de Janeiro. A ascensão do Spanta Neném, que faz sucesso entre a classe A do Rio de Janeiro há mais de 10 anos, começou com o sonho de criar seu próprio projeto social. "O Spanta nunca pretendeu ter fins lucrativos, o objetivo do bloco era brincar, se divertir e comemorar o Carnaval", conta Chico Nogueira, presidente do Spanta Neném. "Assim que os eventos se tornaram mais concorridos sobrava muito dinheiro, que sempre era doado para instituições diversas, mas nosso sonho sempre foi ter nosso próprio projeto".
Em 2009, o grupo carnavalesco conseguiu montar uma estrutura forte e abrir o projeto social no
Morro Santa Marta, a comunidade mais inclinada do Rio de Janeiro. "O morro é uma comunidade carente que vive uma realidade muito difícil", explica Chico. "Acompanhando a sociedade do Santa Marta começamos a frequentar mais o morro e conhecemos a quadra da favela, que estava abandonada. Daí surgiu a idéia da festa ‘Morro da Alegria’, que nada mais é que uma roda de samba na quadra".
Muito modesto ao falar das realizações dos três projetos, Chico revela o principal motivo da criação do ‘Morro da Alegria’: "Diferente de São Paulo, que a periferia fica nos arredores do centro da cidade, no Rio o morro é dentro da cidade, da área rica, e mesmo assim existe um grande distanciamento entre as duas sociedades". O público que acompanha o bloco carnavalesco do Spanta Neném é de classe A e não costuma frequentar os locais próximos ou dentro do morro. Assim, a festa criada pela trupe de Chico queria quebrar esse muro invisível e abraçar todas as pessoas em um único objetivo: a música.
"Precisávamos trazer nosso público para esse movimento, mostrar para as pessoas que a comunidade é carente, mas é legal pra caramba", diz o presidente. "E mostrar pra comunidade que o ‘povo da rua, do asfalto’ também tem coisa na cabeça", conclui.
‘Povo da rua’ ou ‘Povo do asfalto’ é como os moradores do morro reconhecem os da cidade. Isso só serve para provar o imenso espaço que existe entre esses dois personagens. "No Rio tem muito isso, são dois mundos que não se misturam, aí se perde cultura e conhecimento. As pessoas têm que se encontrar, isso só traz coisas boas", reforça Chico.
A divulgação intensa da violência que existia no morro também foi um fato que somou para os moradores do asfalto evitarem a participação nesse tipo de evento, porém desde dezembro de 2008 essa realidade mudou. Com a instalação das Unidades Pacificadoras de Polícia (PPP), claras e positivas consequências foram trazidas para a comunidade. "Antes das PPP eu não sei se eu faria um evento aqui para o público classe A", esclarece Chico. "Essa estratégia de segurança diminuiu muito a violência, principalmente no sentido de que não se vê mais pessoas armadas na rua, ajudou muito".
Desde a primeira edição do ‘Morro da Alegria’ a quadra do morro lotou. O evento foi um sucesso tão grande que tiveram que aumentar o movimento. Além da roda de samba na quadra, foi implantada, ao mesmo tempo, uma roda na praça e uma de chorinho em um bar tradicional do bairro. "O que ajudou muito foi o nosso público fiel do Spanta, que sempre acompanhou a nossa história e sempre vai acompanhar, se fosse outra galera talvez não rolasse o mesmo sucesso", argumenta o curador dos projetos.
O evento na quadra ocorre uma vez por mês, sempre aos sábados. Os ingressos custam R$ 30 para o público do asfalto e R$ 10 para a turma da comunidade. A festa é tão procurada que os ingressos acabam antes, quem quiser não tem como comprar na hora. Com esse dinheiro arrecadado se investe totalmente no projeto social. "Hoje em dia são 100 alunos que participam da Escola de Música Spanta Neném, além das aulas de cavaquinho, violão, percussão e flauta, as crianças recebem aulas de reforço escolar", detalha Chico.
Tanto o projeto quanto a festa, além de gerar empregos e renda para a comunidade, realizam a importante tarefa de juntar as pessoas pela música. Parece que vemos novamente a antiga imagem de um muro se quebrando e a reconciliação de duas sociedades diferentes, porém tão próximas e com tanto em comum. O que antes era resultado de falta de informação e preconceitos hoje, graças ao Spanta, é moda e junta patricinhas e MCs num mesmo círculo. São iniciativas desse tipo que o Brasil necessita e agradece para melhorar suas relações e aproximar paixões e sentimentos em um mesmo lugar.
No site do evento você fica por dentro das festas, das fotos e até do blog que é atualizado sempre! Se estiver perto do Rio ou passeando por lá aproveite para conhecer essa festa. A próxima será no dia 17 de setembro.
Por Alessandra Vespa (MBPress)
Foto Ivanildo Carmo/Blog do Spata
No início o Spanta Neném era apenas um bloco de carnaval. Hoje em dia agrega uma festa audaciosa que mistura dois mundos completamente diferentes e ainda promove a conscientização de um projeto social. Essa evolução abrange a atual realidade dos cariocas que convivem e visitam o Morro Santa Marta, em Botafogo, Rio de Janeiro. A ascensão do Spanta Neném, que faz sucesso entre a classe A do Rio de Janeiro há mais de 10 anos, começou com o sonho de criar seu próprio projeto social. "O Spanta nunca pretendeu ter fins lucrativos, o objetivo do bloco era brincar, se divertir e comemorar o Carnaval", conta Chico Nogueira, presidente do Spanta Neném. "Assim que os eventos se tornaram mais concorridos sobrava muito dinheiro, que sempre era doado para instituições diversas, mas nosso sonho sempre foi ter nosso próprio projeto".
Em 2009, o grupo carnavalesco conseguiu montar uma estrutura forte e abrir o projeto social no
Morro Santa Marta, a comunidade mais inclinada do Rio de Janeiro. "O morro é uma comunidade carente que vive uma realidade muito difícil", explica Chico. "Acompanhando a sociedade do Santa Marta começamos a frequentar mais o morro e conhecemos a quadra da favela, que estava abandonada. Daí surgiu a idéia da festa ‘Morro da Alegria’, que nada mais é que uma roda de samba na quadra".
Muito modesto ao falar das realizações dos três projetos, Chico revela o principal motivo da criação do ‘Morro da Alegria’: "Diferente de São Paulo, que a periferia fica nos arredores do centro da cidade, no Rio o morro é dentro da cidade, da área rica, e mesmo assim existe um grande distanciamento entre as duas sociedades". O público que acompanha o bloco carnavalesco do Spanta Neném é de classe A e não costuma frequentar os locais próximos ou dentro do morro. Assim, a festa criada pela trupe de Chico queria quebrar esse muro invisível e abraçar todas as pessoas em um único objetivo: a música.
"Precisávamos trazer nosso público para esse movimento, mostrar para as pessoas que a comunidade é carente, mas é legal pra caramba", diz o presidente. "E mostrar pra comunidade que o ‘povo da rua, do asfalto’ também tem coisa na cabeça", conclui.
‘Povo da rua’ ou ‘Povo do asfalto’ é como os moradores do morro reconhecem os da cidade. Isso só serve para provar o imenso espaço que existe entre esses dois personagens. "No Rio tem muito isso, são dois mundos que não se misturam, aí se perde cultura e conhecimento. As pessoas têm que se encontrar, isso só traz coisas boas", reforça Chico.
A divulgação intensa da violência que existia no morro também foi um fato que somou para os moradores do asfalto evitarem a participação nesse tipo de evento, porém desde dezembro de 2008 essa realidade mudou. Com a instalação das Unidades Pacificadoras de Polícia (PPP), claras e positivas consequências foram trazidas para a comunidade. "Antes das PPP eu não sei se eu faria um evento aqui para o público classe A", esclarece Chico. "Essa estratégia de segurança diminuiu muito a violência, principalmente no sentido de que não se vê mais pessoas armadas na rua, ajudou muito".
Desde a primeira edição do ‘Morro da Alegria’ a quadra do morro lotou. O evento foi um sucesso tão grande que tiveram que aumentar o movimento. Além da roda de samba na quadra, foi implantada, ao mesmo tempo, uma roda na praça e uma de chorinho em um bar tradicional do bairro. "O que ajudou muito foi o nosso público fiel do Spanta, que sempre acompanhou a nossa história e sempre vai acompanhar, se fosse outra galera talvez não rolasse o mesmo sucesso", argumenta o curador dos projetos.
O evento na quadra ocorre uma vez por mês, sempre aos sábados. Os ingressos custam R$ 30 para o público do asfalto e R$ 10 para a turma da comunidade. A festa é tão procurada que os ingressos acabam antes, quem quiser não tem como comprar na hora. Com esse dinheiro arrecadado se investe totalmente no projeto social. "Hoje em dia são 100 alunos que participam da Escola de Música Spanta Neném, além das aulas de cavaquinho, violão, percussão e flauta, as crianças recebem aulas de reforço escolar", detalha Chico.
Tanto o projeto quanto a festa, além de gerar empregos e renda para a comunidade, realizam a importante tarefa de juntar as pessoas pela música. Parece que vemos novamente a antiga imagem de um muro se quebrando e a reconciliação de duas sociedades diferentes, porém tão próximas e com tanto em comum. O que antes era resultado de falta de informação e preconceitos hoje, graças ao Spanta, é moda e junta patricinhas e MCs num mesmo círculo. São iniciativas desse tipo que o Brasil necessita e agradece para melhorar suas relações e aproximar paixões e sentimentos em um mesmo lugar.
No site do evento você fica por dentro das festas, das fotos e até do blog que é atualizado sempre! Se estiver perto do Rio ou passeando por lá aproveite para conhecer essa festa. A próxima será no dia 17 de setembro.
Por Alessandra Vespa (MBPress)
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