Fábrica de Medicamentos de Moçambique
Nesta
terça-feira (20/11), o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da
Silva, participou, em Maputo, da cerimônia de entrega da primeira
remessa do antirretroviral Nevirapina 200mg ao Ministério da Saúde de
Moçambique (MISAU). O evento ocorreu na Sociedade Moçambicana de
Medicamentos S.A (SMM), fábrica cuja instalação e funcionamento contaram
com a ajuda de Farmanguinhos, a partir de um acordo de cooperação entre
Brasil e Moçambique. Na ocasião, foi divulgada uma lista de 13 dos 21
medicamentos que a unidade disponibilizará, até 2015, ao sistema de
saúde moçambicano. Lula entregou, ainda, os diplomas de conclusão de
curso a cinco técnicos moçambicanos que participaram de capacitação em
Farmanguinhos.
Iniciada
no governo Lula, em 2003, a cooperação entre Brasil e Moçambique tem
como principal objetivo a criação de uma indústria farmacêutica pública
sustentável. “A cooperação para a fábrica deve incluir as ações que
garantam a sustentabilidade do negócio, de modo a diferenciá-la de
outros modelos de cooperação”, afirmou o ex-chefe de estado brasileiro.
Nesse sentido, a SMM é a primeira instituição pública no setor
farmacêutico do continente africano.
Voltada
para a produção de seis antirretrovirais e outros medicamentos, a SMM
iniciou as operações em 21 de julho de 2012, a fim de atender toda a
demanda daquele país e, dessa forma, colaborar para reduzir,
progressivamente, a dependência externa de medicamentos. Na ocasião,
foram rotulados 3.255 frascos de Nevirapina 200 mg, o que equivale a
195.300 unidades farmacêuticas (pílulas). Os comprimidos já estão
disponíveis para distribuição pelo MISAU e serão entregues à Central de
Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM) durante a cerimônia.
Quando
estiver a pleno vapor, a SMM vai atender, entre outras especificidades
terapêuticas, o tratamento de hipertensão, diabetes e anemia -
enfermidades com dimensões preocupantes no contexto de saúde pública de
Moçambique. A
lista de 13 medicamentos que a SMM disponibilizará ao sistema de saúde
será composta por ácido fólico 5mg (antianêmico), amoxicilina 500mg
(antibiótico), captopril 25mg (anti-hipertensivo), cetoconazol 20mg
(antimicótico), diazepam 10mg (ansiolítico), fluconazol 100mg
(antimicótico), glibenclamida 5mg (antidiabético), haloperidol 5mg
(neuroléptico), hidroclorotiazida 25mg (diurético), metildopa 500mg
(anti-hipertensivo), metronidazol 250mg (antiinfeccioso), propranolol
40mg (anti-hipertensivo) e sulfato ferroso 40mg (antianêmico).
Capacitação e certificação – Ao
longo da cooperação, 56 funcionários moçambicanos foram treinados por
Farmanguinhos, tanto em Maputo, quanto no Centro Tecnológico de
Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Cinco deles
receberão do próprio Lula os certificados de conclusão do curso de
Tecnologias de Produção, realizado em outubro, em Farmanguinhos. Ao
todo, 14 técnicos moçambicanos vieram a Farmanguinhos participar de
capacitações. No momento, uma equipe de três pessoas estão no CTM
participando do módulo de Controle de Qualidade. A previsão é que, até o
término da cooperação, em 2014, chegue a 90 o número de funcionários
capacitados pelos profissionais da unidade farmacêutica da Fiocruz.
A
próxima fase da cooperação é preparar a fábrica para candidatar a
unidade localizada no bairro de Matula à Certificação Internacional em
Boas Práticas de Fabricação. De acordo com o governo moçambicano, a
instalação da SMM deve impulsionar a qualidade de outras indústrias no
país, tais como a alimentar e a química.
A elevada
taxa de prevalência de HIV/Aids entre a população moçambicana foi o
principal motivador para a cooperação entre os dois países. O papel do
Brasil é levar para Moçambique a experiência do Sistema Único de Saúde
(SUS), reconhecida por sua política de combate ao HIV/Aids e
fortalecimento da produção de medicamentos genéricos.
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