De acordo com a FGV, os preços dos itens mais frequentes na ceia estão em média 8,1% mais altos
AETrês pesquisas feitas por instituições diferentes - Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fecomércio-SP e CNC - apontam para a mesma direção: os preços dos alimentos para a ceia de Natal superam de longe a inflação de 5,85% acumulada neste ano até dezembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) - 15, que é uma prévia da inflação oficial, o IPCA.
De acordo com a FGV, os preços dos itens mais frequentes na ceia de
Natal estão em média 8,1% mais altos este ano do que no Natal de 2012 e
acima da inflação acumulada em 2013, medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor (IPC-10), que foi de 5,48% neste ano até os dez primeiros
dias de dezembro. Em contrapartida, o valor dos presentes, que incluem
bens duráveis, como eletroeletrônicos, e os semiduráveis, que englobam
os artigos de vestuário, subiram menos: em média 3,78% de janeiro a
dezembro, perdendo para a inflação do período.
Os destaques de alta dos alimentos foram a farinha de trigo e os
panificados, entre os quais os panetones. Esses dois itens ficaram
30,56% e 15,31% mais caros, respectivamente. As frutas encareceram
15,41%; o frango, 10,28% e o lombo suíno, 10,07%.
"O recorte da inflação dos alimentos no Natal reproduz o que
aconteceu com a inflação ao longo do ano e a pressão dos preços dos
alimentos é a que mais afeta o orçamento das famílias", afirma o
economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, André
Braz.
Ele destaca a valorização do dólar em relação ao real como um dos
fatores que pressionaram a alimentação no domicílio. Em 12 meses até
sexta-feira, o dólar subiu 15,5% em relação ao real. Como exemplo de
impacto do câmbio nos custos e nos preços dos alimentos, o economista
cita o caso das aves e dos suínos, alimentados com derivados de soja e
milho, commodities cotadas em dólar. No caso dos panificados, a
influência do câmbio ocorre porque o País não é autossuficiente em
trigo. Por isso, ao importar parte do grão, absorve a pressão do câmbio
na farinha e derivados.
Além do câmbio, Braz destaca a pressão nos preços dos alimentos
advinda de problemas climáticos que afetam oferta de produtos in natura,
como fruta.
"O que está mais caro no Natal deste ano é a ceia", afirma o
economista-chefe, da CNC, Fábio Bentes. Ele listou 90 produtos mais
consumidos no Natal, cujos preços são monitorados pelo IPCA-15 e
constatou que seis de dez produtos que registraram maiores altas neste
mês em relação a dezembro de 2012 são alimentos. Só neste mês, o grupo
farinhas está com preços 19,8% maiores do que os registrados em dezembro
de 2012, seguido por leite e derivados (17,5%) e frutas (16,6%).
"A inflação dos alimentos é o principal fator na queda do poder de
consumo da população, especialmente entre as classes emergentes C e D",
diz o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina. Ele pondera que o
momento mais agudo de queda dos preços ficou para trás. De toda forma,
ele observa que a inflação, e principalmente a inflação dos alimentos,
freia a economia e o consumo. Para este Natal, a entidade projeta alta
de 3% e 4% sobre uma base fraca. As informações são do jornal O Estado
de S. Paulo.
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