11.18.2013

Nova tecnologia de ultrassom detecta problemas de crescimento

Aparelho israelense é capaz de avaliar a idade dos ossos das crianças com rapidez e prever o quanto elas crescerão até a maioridade

Daniela Kresch,


O engenheiro israelense Uri Levin, fundador da SonicBone, mede os ossos de uma menina de 5 anos com o Bone Age Ultrasound System
Foto: Daniela Kresch

O engenheiro israelense Uri Levin, fundador da SonicBone, mede os ossos de uma menina de 5 anos com o Bone Age Ultrasound System Daniela Kresch
TEL AVIV – Que pai não adoraria saber o futuro de seus filhos? Mas se ainda não há máquinas do tempo, que tal pelo menos saber que altura eles terão ao completar 18 anos? Uma startup israelense desenvolveu um aparelho de ultrassom capaz de avaliar a idade dos ossos das crianças com rapidez e simplicidade e prever justamente o quanto elas crescerão até a maioridade. A máquina mede ossos das mãos das crianças, analisando a idade óssea em relação à da criança e projetando com 95% de precisão a altura ao final do crescimento. Fora isso, a tecnologia é capaz de detectar problemas no desenvolvimento infantil, ajudando a diagnosticar e prevenir doenças. Entre 8% e 10% das crianças de 18 anos em todo o mundo sofrem com problemas de crescimento.
O aparelho, chamado de Bone Age Ultrasound System (BAUS), da startup SonicBone, é portátil e compacto e está sendo considerado uma revolução na avaliação da idade óssea infantil não só pela precisão. Ele substitui a necessidade exames de raios-X, caros, invasivos e pouco recomendáveis para crianças por causa da radiação. A nova tecnologia se baseia em ultrassom – que não é danoso para seres-humanos – de três ossos das mãos, que só alcançam calcificação definitiva na maturidade. A máquina determina a idade do esqueleto de crianças e adolescentes e projeta o crescimento até o final da puberdade.
Em Israel, o interesse é grande entre endocrinologistas pediátricos, ortopedistas e ortodontistas, que precisam diagnosticar com rapidez e exatidão deficiências hormonais, hipotiroidismo, puberdade precoce, doenças ou desordens glandulares. O maior plano de saúde do país, o Clalit, considera adotar o BAUS como exame básico nos departamentos infantis. Há dois meses, os empreendedores da SonicBone já oferecem o exame de graça e algumas clínicas como parte de mais uma pesquisa com560 crianças de 4 a 17 anos. Um estudo anterior, com 150 crianças no Hospital Assaf Harofe, na cidade de Rishon LeTzion, demonstrou que os diagnósticos feitos com ultrassom são mais precisos do que com raio-X.
- Nosso objetivo é que a avaliação da idade óssea seja um serviço básico nas clínicas e hospitais, como parte do check-up de crianças a partir dos 3 anos para diagnosticar problemas de crescimento antes de que eles apareçam e não esperar anos até que as mães percebam que os filhos não crescem como deveriam - diz o engenheiro Uri Levin, 34 anos, que ajudou a fundar a SonicBone em 2008.
Até hoje, a única maneira de medir a idade biológica dos ossos humanos era através de raios-X, comparando as chapas com fotos de bancos de dados. O principal deles é o chamado Atlas Greulich & Pyle, uma compilação de raios-X feita há 70 anos nos Estados Unidos. Mas críticos afirmam que o atlas foi feito apenas com caucasianos, sem levar em consideração outras tipos humanos como negros e asiáticos, e numa época quando a alimentação e o meio-ambiente eram outros.
- Um menino de 12 anos de 2013 é muito diferente de um menino de 12 anos dos anos 50 do século passado - afirma Uri Levin. - Desde então, houve muitas mudanças, principalmente na alimentação. Fora isso, a comparação de chapas com a do atlas Greulich & Pyle é feita pelos médicos de modo muito subjetivo, no olho, o que leva a diagnósticos também subjetivos.
Outro ponto positivo do aparelho é seu preço. Ele custa cerca de US$ 6 mil (R$ 13,2 mil), muito menos do que máquina de raio-X, avaliadas em, no mínimo, US$ 12 mil (R$ 26,4 mil). Para os empreendedores, a máquina pode ser uma solução para países em desenvolvimento, até porque podem ser acionadas por qualquer um, desde que receba instruções básicas, e não apenas por médicos ou técnicos em radiologia.

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