ONU alerta que 750 mil podem morrer de fome na Somália, onde 4 milhões já são afetados
O GloboCom agências internacionaisMOGADÍSCIO - A fome que avança pela Somália já afeta mais da metade da população do país e pode matar até 750 mil somalis nos próximos quatro meses. O alerta foi feito nesta segunda-feira pelo Centro de Análise para a Segurança Alimentar (FSNAU) das Nações Unidas. A organização afirmou que "dezenas de milhares de pessoas já morreram, a maioria crianças", em países como Somália, Quênia, Etiópia e Djibuti, devastados pela seca e pela violência que dificultam o combate à fome.
Ao anunciar que a fome chegou à região somali de Bay, a sexta a ser atingida, a ONU alertou que o momento para a comunidade internacional agir é agora. Segundo a ONU, o estado de fome é verificado quando ao menos 20% dos lares enfrentam uma grave escassez de alimentos, 30% da população sofrem desnutrição grave, e a taxa de mortalidade diária é de duas em cada 10 mil pessoas.
"Há uma janela de oportunidade para que a comunidade humanitária pare e reverta essa tendência dramática ajudando fazendeiros e pastores, além de outras intervenções de emergência" disse Luca Alinovi, autoridade da FAO - organismo ao qual o FSNAU está submetido - responsável pela Somália.
Além das condições econômicas e climáticas, as agências de ajuda enfrentam dificuldade para chegar a determinadas áreas, já que estão banidas da região pelo grupo rebelde al-Shabaab, que tem conexões com a al-Qaeda e controla parte do país. Atualmente, a maior parte da ajuda é distribuída a pessoas que conseguem chegar a Mogadíscio ou a campos de refugiados em Quênia e Etiópia.
"Com as atuais condições de segurança alimentar, a fome deve se espalhar por populações agrárias e pastorais em Gedo, Hiran, Shabelle e Juba e populações ribeirinhas de Juba e Gedo nos próximos quatro meses", explica Grainne Moloney, assessor técnico do FSNAU, no texto sobre a Somália.
Agências humanitárias calculam que 13 mihões de pessoas passam fome na África Oriental.
"Se se mantiver o nível atual da resposta (à crise), a fome aumentará ainda mais nos próximos quatro meses", adverte o comunicado do FSNAU.
As Nações Unidas patrocinam na capital da Somália, Mogadíscio, uma reunião de cúpula para ajudar a encontrar um caminho à realização de eleições em 2012. Sem um governo funcional desde 1991, mais de 150 mil refugiados procuraram ajuda internacional nos últimos meses.
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