7.03.2013

Exército derruba presidente Morsi e promete transição de poder no Egito

Mursi e aliados são proibidos de deixar o país. Multidão comemora

Presidente deposto pediu apoio da população contra manobra dos militares

Agência Brasil

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O presidente deposto do Egito, Mouhamed Mursi, está proibido de deixar o país por ordem dos serviços de segurança egípcios. A ordem vale também para os colaboradores de Mursi. A medida veta ainda a saída do Egito do líder da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie, assim como de Khairat Al Shater, que também integra a entidade. A Irmandade Muçulmana era o principal apoio político de Mursi. Não há informações sobre o local onde se encontra o presidente deposto.
Por intermédio da rede social Facebook, o conselheiro presidencial na área de segurança, Essam Al Haddad, criticou o que considera ser um golpe militar. A deposição de Mursi ocorreu na tarde desta quarta-feira (3), depois que as Forças Armadas deram a ele um ultimato de 48 horas.

Os relatos indicam que o Egito está dividido politicamente entre a oposição a Mursi, os simpatizantes do governo deposto e as Forças Armadas. Desde o dia 30, o país é palco de várias manifestações violentas a pró e contra o governo.

Mursi pede resistência de egípcios a golpe de Estado
O presidente egípcio, Mouhamed Mursi, disse hoje que houve um golpe de Estado no país, após o chefe das Forças Armadas ter anunciado seu afastamento do poder.

"As medidas anunciadas pelo comando das Forças Armadas representam um golpe de Estado, rejeitado categoricamente por todos os homens livres do nosso país", escreveu no Twitter, conforme a agência Lusa

“Mursi, na posição de presidente e comandante Supremo das Forças Armadas, pede a todos os cidadãos – civis ou militares – que respeitem a Constituição e não respondam a este golpe”, diz nota da presidência do Egito, segundo a BBC Brasil.

Em pronunciamento na televisão, o chefe das Forças Armadas, general Abdel Fattah Al Sissi, anunciou que Mursi foi deposto e que o país será liderado pelo presidente do Conselho Constitucional, Adly Mansour. A Constituição foi suspensa e as eleições presidenciais serão antecipadas.

“As Forças Armadas consideram que o povo do Egito está nos pedindo apoio, não para tomar o poder ou governar, mas servir ao interesse público e proteger a revolução. Essa é a mensagem que os militares receberam de todos os cantos do Egito”, disse Sissi.

Após o anúncio, manifestantes concentrados na Praça Tahrir, no centro do Cairo, comemoraram a saída de Mursi, eleito há um ano após a queda de Hosni Mubarak em 2011.
Representantes da organização Irmandade Muçulmana, à qual pertence Mursi, e apoiadores ao governo dizem que houve um golpe por parte dos militares. Os opositores alegam que Mursi quer implantar um regime islâmico e cobravam a saída do presidente.

Constituição está temporariamente suspensa e será revista, diz general.
Transição prevê novas eleições parlamentares e presidenciais, garantiu.



Do G1, em São Paulo

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O chefe do exército do Egito, general Abdel Fatah al-Sisi, anunciou nesta quarta-feira (3) a deposição do presidente do país, o islamita Mohamed Morsi, por ele "não ter cumprido as expectativas" do povo. Acompanhe  cobertura em tempo real.
O general, em cadeia nacional de TV, declarou que a Constituição está suspensa temporariamente, durante um período de transição, no qual o governo será exercido por um grupo de tecnocratas.
Morsi não admitiu o golpe e pediu a seus partidários e aos líderes militares que "resistam pacificamente", evitando derramamento de sangue.
Durante a transição, a presidência fica em mãos do presidente da Corte Constitucional, disse o general, que estava ao lado de líderes militares, autoridades religiosas e figuras políticas.
O chefe da corte, Adli Mansour, deve tomar posse como presidente interino na quinta-feira.
Durante o período da interinidade, a Constituição vai ser revista por um painel, com vistas à convocação de novas eleições parlamentares e presidenciais.
Ele disse que o caminho a ser seguido foi acordado com um amplo grupo político, e que será criado um plano de reconciliação nacional, com a presença de grupos jovens, que estava nas ruas desde domingo pedindo a renúncia de Morsi.
O general afirmou que as forças de segurança iriam garantir a paz nas ruas das principais cidades do país, que estavam tomadas por manifestantes oposicionistas e também por partidários do islamita Morsi.
A notícia da queda de Morsi foi recebida com fogos de artifício na Praça Tahrir, no Cairo, palco da revolta popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak em 2011, no contexto da chamada Primavera Árabe.
"O povo e o Exército estão do mesmo lado", gritaram os manifestantes na praça, em meio ao barulho das buzinas e cânticos, segundo uma testemunha ouvida pela Reuters.
Também houve carreatas em várias ruas do Cairo.
General Abdel-Fattah el-Sissi faz um pronunciamento à população na televisão estatal egípcia nesta quarta-feira (3). O líder militar afirmou que o presidente será substituido presidente da corte constitucional (Foto: AP)O general Abdel Fatah al-Sisi faz um pronunciamento à população na televisão estatal egípcia nesta quarta-feira (3) (Foto: AP)
Falando depois do general, um porta-voz do Exército afirmou à agência Reuters que ainda não há um cronograma para a transição política.
O anúncio da queda de Morsi foi saudado pelo oposicionista Mohamed ElBaradei, que disse que a revolução de 2011 foi "relançada" no país e pediu eleições presidenciais rápidas.
O Nour, segundo principal grupo islamita do país após a Irmandade Muçulmana, afirmou que concorda com o mapa de transição, para que o país "evite conflitos".
O país estava em turbulência desde a queda do ditador Hosni Mubarak, como parte das rebeliões da Primavera Árabe ocorridas no começo de 2011.
A instabilidade causa grande preocupação entre aliados do Ocidente e em Israel, país com o qual o Egito estabeleceu um tratado de paz em 1979.
O jornal estatal "Al Ahram" disse que os militares haviam informado Morsi sobre a destituição às 19h locais (14h em Brasília).
O presidente, ligado ao grupo islamita Irmandade Muçulmana e há um ano no cargo, permanecia em um quartel da Guarda Republicana, no subúrbio do Cairo, cercado por arame farpado, barreiras e soldados. Não estava claro, no entanto, se ele estava detido.
Fontes de segurança afirmaram que Morsi e os principais líderes da Irmandade estariam proibidos de deixar o país. Além de Morsi, estariam barrados o líder da organização, Mohamed Badie, e o número dois da confraria, Jairat al Shater.
Mortes
Em meio à crise política, confrontos entre apoiadores do presidente, oposicionistas e forças de segurança deixaram 16 mortos e mais de 200 feridos entre terça e quarta, segundo as agências Reuters e AFP, que citam a TV local e o Ministério da Saúde.

Os confrontos se acirraram após um pronunciamento do presidente reiterando sua legitimidade, sob o argumento de que havia sido eleito democraticamente.

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