7.04.2013

Gilberto Gil: 'Não dá para fazer a Copa sem negros e pobres nos estádios'

Cantor baiano é uma das estrelas desta edição da Festa Literária Internacional de Paraty

Caio Barbosa
Paraty - O cantor Gilberto Gil fez o show que deu o pontapé inicial no Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) na noite desta quarta-feira e deu uma entrevista coletiva na cidade nesta quinta. O baiano criticou veementemente a ausência de pessoas das classes sociais menos favorecidas nos estádios brasileiros durante a Copa das Confederações deste ano e pediu mudanças para a Copa do Mundo do ano que vem.
Cantor Gilberto Gil dá entrevista em Paraty
Foto:  João Laet / Agência O Dia
"Não sei o que vai ser feito, se com cotas através do governo ou mesmo da iniciativa privada, o que não dá é pra gente fazer uma Copa no Brasil sem os negros, os pobres, sem os torcedores nos estádios. Estive no Maracanã na final da Copa das Confederações (Brasil X Espanha), um lugar onde sempre vou por causa do Fluminense. Lá, vi o (Joseph) Blatter, o Zagallo, a Ivete (Sangalo), o Bebeto, mas não vi o povo", apontou Gil.
O cantor, que também participou da mesa "Culturas Locais e Globais" às 14h30 desta quinta, completou ainda: "Na hora em que o Fred e o Neymar foram comemorar os gols, ali próximo de onde era a Geral, vi o Maracanã muito esbranquiçado, sem matiz. Não dá para uma Copa não ter a (presença da) Mangueira, não ter a Rocinha e a Cajazeiras, lá em Salvador".
Legado Cultural da Flip
A cidade de Paraty celebrou nesta quarta, a abertura oficial da 11ª edição de sua Festa Literária Internacional (Flip) que, como qualquer jovem desta idade, está cheia de fôlego.
“A Flip é importantíssima para a cidade. Só por sermos a sede deste evento, recebemos turistas o ano todo, o que traz muita receita para o município. Não podemos pensar só no dinheiro, mas também no legado cultural que ela pode trazer para a cidade”, explica o secretário municipal de cultura, Ronaldo dos Santos.
A Flip chega a sua 11ª edição com uma homenegem a Graciliano Ramos. Na foto, show de abertura do evento, com o cantor Gilberto Gil
Foto:  João Laet / Agência O Dia
O foco de Ronaldo e da gestão do prefeito Casé Miranda (PT) é incluir o cidadão paratiense como integrante, e não apenas como espectador de uma festa com perfil de classe média alta.
“A temática literária já faz parte do dia a dia de nossas escolas após dez anos de Flip, mas os resultados ainda são tímidos. E essa tarefa não é da Flip, mas nossa. Temos que aproveitar o que ela nos oferece, mas a transformação social tem que ser promovida pelo Estado”, admite.
No cargo desde janeiro, Ronaldo abriu as portas da secretaria para ser o QG da OFF-Flip, circuito paralelo à festa e que tem caráter popular.
“A Off-Flip está para a Flip como a Cúpula dos Povos esteve para a Rio+20. É onde rolam amplos debates, saraus, shows e até concurso sobre gastronomia sustentável”, empolga-se.

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