Pioneiros no uso do botox contra as rugas falam sobre a descoberta e apontam exageros
Casal de médicos Alastair e Jean Carruthers acha que Nicole Kidman é exemplo do que não fazer
Talita Duvanel
RIO
- Há 25 anos, a oftalmologista canadense Jean Carruthers, especialista
no uso da toxina botulínica para controlar espasmos oculares, ouviu um
pedido, à época, inusitado:— Sempre que você aplica nos músculos da região do meu olho, as rugas diminuem. Por que você não usa a toxina na minha testa?
Jean custou a convencer a paciente de que aquilo não era adequado, mas voltou para casa com a ideia na cabeça. Contou ao marido, o dermatologista Alastair Carruthers, e juntos começaram a vislumbrar o procedimento estético que mudaria a forma como as mulheres encaram a passagem do tempo: o uso da toxina botulínica no tratamento de rugas.
Com pouca gente corajosa o suficiente para levar uma "injeção na testa" (mesmo de graça), Jean e sua recepcionista serviram de cobaias. Os resultados das pesquisas silenciosas do casal foram apresentados ao mundo em 1991, num congresso de dermatologia nos Estados Unidos.
Como toda ideia revolucionária, as críticas foram pesadas, mas não demorou muito para os resultados convencerem a comunidade médica e o Botox virar o procedimento estético mais famoso do mundo.
No Brasil a convite do laboratório Merz Biolab, o casal, que reflete sobre os 25 anos da descoberta, acha que deu uma boa contribuição no combate às injustiças do tempo.
— A mulher começa a envelhecer aos 25 anos. Com a idade, as sobrancelhas vão caindo e os outros começam a vê-la como uma pessoa triste e irritada. Isso não é justo — diz Jean, que certa vez chamou a toxina botulínica de “penicilina da autoestima”.
Para evitar esses mal-entendidos sociais, o casal até recomenda que alguém como a repórter, de 26 anos, aplique a toxina botulínica para prevenir as rugas. A questão, para eles, não é a idade do paciente, mas sim as “receitas de bolo” que alguns médicos incorporam.
— Parece ser um procedimento simples, mas é preciso saber muito sobre anatomia e musculatura da face. Hoje você encontra muita gente, sem tanto conhecimento, fazendo a mesma coisa em todo mundo. Temos que individualizar os casos para deixar as pessoas felizes com o resultado — diz Jean, cuja paciente mais velha tinha 98 anos.
Mas deixar os pacientes satisfeitos a qualquer preço não é uma necessidade para os Carruthers. Se alguém chega com uma foto de Nicole Kidman no consultório e pede um visual parecido com o da atriz, pode dar meia volta:
— Ela é o caso clássico do que não fazer com a toxina botulínica: apagar completamente as linhas acima das sobrancelhas. Às vezes, pode ter sido ela que pediu, acontece muito de o paciente já chegar com uma ideia pronta. Mas se eu não concordo, não faço o procedimento — diz Alastair.
Como exemplo de intervenções bem-sucedidas, eles citam a atriz britânica Helen Mirren, de 67 anos:
— Ela estava ótima no Oscar. Aliás, a gente adora assistir à premiação para ver o que as celebridades fizeram no rosto — ri Jean, que também acha o visual de Jennifer Aniston, de 44 anos, “bastante natural”.
Enquanto muita gente nega o uso da toxina botolínica, eles não têm o trabalho de esconder que testam boa parte das novidades da beleza. Na entrevista, Alastair fez questão de mostrar os resultados obtidos em sua mão direita graças à um novo procedimento com luz pulsada (a esquerda continuava lá, com as manchas da idade, para servir de comparação).
— Os brasileiros também são assim, muito honestos quando dizem que fizeram intervenções e que se importam, sim, com o corpo — diz Alastair.
Apesar de conhecer o lado vaidoso da nossa gente, a única celebridade nacional que vem à mente é a presidente Dilma Rousseff:
— Ela é uma mulher bonita, mas anda com uma aparência muito cansada, não é?
Frotox: o novo botox
Vinte e cinco anos após o casal Carruthers fazer os primeiros experimentos com toxina botulínica no tratamento de rugas, surge no mercado de beleza uma nova possibilidade de acabar com as marcas do tempo: o Iovera, já apelidado pela turma da beleza de frotox.
A partir do congelamento das terminações nervosas com a injeção de nitrogênio líquido, o procedimento faz com que a região da testa (único lugar onde é possível fazer as aplicações) “hiberne” por quatro meses.
— Apesar de o Botox ser amplamente testado e muito seguro, ainda há pessoas que não se sentem confortáveis em colocar uma toxina no corpo. O frotox, então, vira uma opção — diz a dermatologista carioca Cristina Graneiro.
O tratamento ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nem pelo FDA (Food and Drug Administration), orgão regulador americano, mas já está ficando popular na Inglaterra. O motivo do frenesi: o efeito do frotox pode ser sentido 15 minutos após a aplicação, diferentemente do Botox, que leva de 24 a 72 horas para agir, atingindo seu pico 15 dias depois da aplicação.
Em tempos de crise, outra coisa tem deixado as inglesas animadas: o preço, muito parecido com o da aplicação da toxina botulínica.
— Na Inglaterra, o procedimento custa £ 350 (cerca de R$ 1.120), basicamente o mesmo valor cobrado pelo Botox — explica Cristina.
Jean custou a convencer a paciente de que aquilo não era adequado, mas voltou para casa com a ideia na cabeça. Contou ao marido, o dermatologista Alastair Carruthers, e juntos começaram a vislumbrar o procedimento estético que mudaria a forma como as mulheres encaram a passagem do tempo: o uso da toxina botulínica no tratamento de rugas.
Com pouca gente corajosa o suficiente para levar uma "injeção na testa" (mesmo de graça), Jean e sua recepcionista serviram de cobaias. Os resultados das pesquisas silenciosas do casal foram apresentados ao mundo em 1991, num congresso de dermatologia nos Estados Unidos.
Como toda ideia revolucionária, as críticas foram pesadas, mas não demorou muito para os resultados convencerem a comunidade médica e o Botox virar o procedimento estético mais famoso do mundo.
No Brasil a convite do laboratório Merz Biolab, o casal, que reflete sobre os 25 anos da descoberta, acha que deu uma boa contribuição no combate às injustiças do tempo.
— A mulher começa a envelhecer aos 25 anos. Com a idade, as sobrancelhas vão caindo e os outros começam a vê-la como uma pessoa triste e irritada. Isso não é justo — diz Jean, que certa vez chamou a toxina botulínica de “penicilina da autoestima”.
Para evitar esses mal-entendidos sociais, o casal até recomenda que alguém como a repórter, de 26 anos, aplique a toxina botulínica para prevenir as rugas. A questão, para eles, não é a idade do paciente, mas sim as “receitas de bolo” que alguns médicos incorporam.
— Parece ser um procedimento simples, mas é preciso saber muito sobre anatomia e musculatura da face. Hoje você encontra muita gente, sem tanto conhecimento, fazendo a mesma coisa em todo mundo. Temos que individualizar os casos para deixar as pessoas felizes com o resultado — diz Jean, cuja paciente mais velha tinha 98 anos.
Mas deixar os pacientes satisfeitos a qualquer preço não é uma necessidade para os Carruthers. Se alguém chega com uma foto de Nicole Kidman no consultório e pede um visual parecido com o da atriz, pode dar meia volta:
— Ela é o caso clássico do que não fazer com a toxina botulínica: apagar completamente as linhas acima das sobrancelhas. Às vezes, pode ter sido ela que pediu, acontece muito de o paciente já chegar com uma ideia pronta. Mas se eu não concordo, não faço o procedimento — diz Alastair.
Como exemplo de intervenções bem-sucedidas, eles citam a atriz britânica Helen Mirren, de 67 anos:
— Ela estava ótima no Oscar. Aliás, a gente adora assistir à premiação para ver o que as celebridades fizeram no rosto — ri Jean, que também acha o visual de Jennifer Aniston, de 44 anos, “bastante natural”.
Enquanto muita gente nega o uso da toxina botolínica, eles não têm o trabalho de esconder que testam boa parte das novidades da beleza. Na entrevista, Alastair fez questão de mostrar os resultados obtidos em sua mão direita graças à um novo procedimento com luz pulsada (a esquerda continuava lá, com as manchas da idade, para servir de comparação).
— Os brasileiros também são assim, muito honestos quando dizem que fizeram intervenções e que se importam, sim, com o corpo — diz Alastair.
Apesar de conhecer o lado vaidoso da nossa gente, a única celebridade nacional que vem à mente é a presidente Dilma Rousseff:
— Ela é uma mulher bonita, mas anda com uma aparência muito cansada, não é?
Frotox: o novo botox
Vinte e cinco anos após o casal Carruthers fazer os primeiros experimentos com toxina botulínica no tratamento de rugas, surge no mercado de beleza uma nova possibilidade de acabar com as marcas do tempo: o Iovera, já apelidado pela turma da beleza de frotox.
A partir do congelamento das terminações nervosas com a injeção de nitrogênio líquido, o procedimento faz com que a região da testa (único lugar onde é possível fazer as aplicações) “hiberne” por quatro meses.
— Apesar de o Botox ser amplamente testado e muito seguro, ainda há pessoas que não se sentem confortáveis em colocar uma toxina no corpo. O frotox, então, vira uma opção — diz a dermatologista carioca Cristina Graneiro.
O tratamento ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nem pelo FDA (Food and Drug Administration), orgão regulador americano, mas já está ficando popular na Inglaterra. O motivo do frenesi: o efeito do frotox pode ser sentido 15 minutos após a aplicação, diferentemente do Botox, que leva de 24 a 72 horas para agir, atingindo seu pico 15 dias depois da aplicação.
Em tempos de crise, outra coisa tem deixado as inglesas animadas: o preço, muito parecido com o da aplicação da toxina botulínica.
— Na Inglaterra, o procedimento custa £ 350 (cerca de R$ 1.120), basicamente o mesmo valor cobrado pelo Botox — explica Cristina.
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