Documento apresentado à Justiça informa ainda que médicos aconselharam família a desligar os aparelhos. Decisão, contudo, ainda não foi tomada
O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela em Londres - Reuters
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Nobel da Paz e símbolo da luta contra o apartheid, Mandela, de 94 anos, foi internado por problemas relacionados a uma infecção hospitalar. Ele respira por aparelhos e, desde o dia 23 de junho, seu estado é considerado crítico pelos médicos. Nesta quinta-feira, o governo da África do Sul anunciou que ele continua em estado "crítico, mas estável". A atualização sobre a saúde do ex-presidente aconteceu depois que o atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, visitou Mandela no hospital.
Processo - O documento com os detalhes do quadro clínico de Mandela foi entregue ao tribunal na semana passada, como parte do processo que parte da família movia contra o neto mais velho de Mandela, Mandla, de 39 anos - que acabou derrotado na Justiça.
Em 2011, Mandla transferiu os restos mortais de três filhos de Mandela (entre eles o de seu pai) de Qunu, onde o ex-presidente passou a infância, para a aldeia natal do ex-presidente e onde ele vive, Mvezo. Não houve consentimento da família, que o acusou de roubá-los para construir um memorial e lucrar com turismo. Dezessete parentes foram à Justiça para exigir a devolução dos corpos a Qunu. Nesta quarta-feira, um juiz ordenou que Mandla devolvesse os restos mortais a Qunu. Poucas horas depois, a polícia foi a sua propriedade em Mvezo para recuperá-los. Mandla acusa seus familiares de serem vingativos e de tentar controlar o legado de Mandela.
Os restos mortais em questão são de três filhos de Mandela: Thembekile, que morreu em 1969 em um acidente de carro; Makaziwe, que morreu com nove meses em 1948; e o pai de Mandla, Makgatho, morto em 2005 devido a doenças relacionadas à aids. Apesar de não ter dado instruções exatas sobre seu funeral, Mandela já expressou várias vezes seu desejo de ser enterrado em uma cerimônia simples em Qunu, junto a seus filhos.
Nesta quinta-feira, os restos mortais foram enterrados novamente em Qunu, após serem submetidos a uma necropsia para confirmar sua legitimidade.
Disputa - Além do enterro dos restos mortais em Qunu, outro motivo de disputa na família é o patrimônio de Mandela, avaliado em 15 milhões de dólares. Entre 2003 e 2005, ele criou fundos e empresas para administrar sua fortuna e evitar discórdias na família, o que não adiantou. Duas de suas filhas, Makaziwe Mandela e Zenani Dlamini, secretamente alteraram, com ajuda de um advogado, um documento assinado por Mandela que nomeava administradores independentes para sua herança. Isso sem contar a exploração da imagem de Mandela - seus herdeiros já lançaram vinhos, marca de roupas e até reality show explorando o sobrenome.
(Com agência France-Presse)
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