7.03.2013

A vacina do HPV no SUS

A vacina passará a fazer parte do calendário nacional em 2014, quando poderão ser imunizadas meninas de 10 e 11 anos de idade

Human papilloma virus (HPV)
Imagem do HPV: Em 2014, vacina contra a infecção passará a fazer parte do calendário nacional de vacinação (SPL/SPL RF/Latinstock)
O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira a inclusão da vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano (HPV) no calendário nacional de vacinação. De acordo com a pasta, todas as meninas de 10 e 11 anos já poderão ser imunizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) já em 2014. A meta da pasta é vacinar 80% dessas jovens, o equivalente a 3,3 milhões de meninas.
A infecção pelo HPV pode causar diversos tipos de câncer. O principal deles é o de colo do útero, o segundo tipo de câncer que mais atinge as mulheres – 95% dos casos da doença são provocados pelo vírus. O HPV também está ligado aos cânceres anal e de garganta, por exemplo, além do surgimento de verrugas genitais.
Esta é a primeira vez em que a rede pública disponibiliza uma vacina que protege contra o câncer. A vacina quadrivalente é fabricada pela Merck Sharp & Dohme (MSD) e oferece proteção contra quatro tipos do vírus (6, 11, 16 e 18). Dois desses tipos (16 e 18) são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero. A vacina também protege contra o surgimento de verrugas genitais.
Atualmente, existem no mercado duas vacinas que previnem a infecção. Além da quadrivalente, há a bivalente, que é fabricada pela GlaxoSmithKline (GSK) e protege contra os tipos 16 e 18 do HPV.
Estratégia — Cada paciente deve tomar três doses da vacina. O Ministério da Saúde pretende imunizar as meninas nas escolas e nos postos de saúde e, para que sejam vacinadas, é preciso uma autorização de seus pais ou responsáveis. Após a primeira dose, a segunda deve ser aplicada em dois meses e a terceira, em seis meses.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde da pasta, a vacina é uma das medidas para a prevenção do câncer de colo do útero, mas não deve eliminar os outros métodos, como o exame Papanicolau e o uso de preservativo em todas as relações sexuais.
Custo — Para que a vacina passe a fazer parte do calendário nacional de vacinação a partir do ano que vem, o governo deverá investir 360,7 milhões de reais para comprar 12 milhões de doses — cada dose sairá por 30 reais. A pasta também informou que será feita uma transferência de tecnologia da produção da vacina do laboratório MSD para o Instituto Butantan e que, dentro de cinco anos, a vacina poderá ser completamente produzida pelo laboratório brasileiro.

Vacina contra HPV reduz em 56% o número de meninas infectadas nos EUA

Apesar dos bons resultados, apenas um terço das jovens recebeu as três doses recomendadas da vacina

O vírus do papiloma humano (HPV), é sexualmente transmissível e pode causar câncer de colo do útero (SPL/SPL RF/Latinstock)
O número de adolescentes americanas infectadas com o vírus do papiloma humano (HPV), causador do câncer de colo do útero, caiu 56% desde 2006, quando foi introduzida a vacina contra o HPV nos Estados Unidos. A pesquisa, feita com jovens entre 14 e 19 anos, foi anunciada pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) e publicada nesta quarta-feira no periódico Journal of Infectious Diseases. Apesar dos bons resultados, apenas um terço das jovens recebeu as três doses da vacina.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Reduction in Human Papillomavirus (HPV) Prevalence Among Young Women Following HPV Vaccine Introduction in the United States, National Health and Nutrition Examination Surveys, 2003–2010

Onde foi divulgada: periódico Journal of Infectious Diseases

Quem fez: Lauri E. Markowitz, Susan Hariri, Carol Lin, Eileen F. Dunne, Martin Steinau, Geraldine McQuillan e Elizabeth R. Unger

Instituição: Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês)

Resultado: Com a introdução da vacina, 56% menos jovens entre 14 e 19 anos foram infectadas pelo vírus do papiloma humano (HPV)
O diretor dos CDC, Tom Frieden, descreveu os resultados como um alerta de que a vacina funciona e deve ser mais utilizada. "É possível que a vacina proteja uma geração contra o câncer, e nós temos que fazer isso", disse Frieden.
Segundo ele, enquanto nos Estados Unidos apenas um terço das meninas recebeu as três doses recomendadas da vacina, em Ruanda, 80% das adolescentes foram vacinadas. “Nosso baixo índice de imunização representa 50.000 tragédias evitáveis — 50.000 meninas que estão vivas hoje vão desenvolver câncer de colo do útero ao longo da vida, e isso poderia ser evitado se tivéssemos conseguido um índice de vacinação de 80%”, afirmou o diretor.
Pesquisa — O estudo usou dados de uma pesquisa nacional para comparar as taxas de infecção por HPV antes do início da campanha de vacinação, com dados de 2003 a 2006, e depois dela, com dados de 2007 a 2010.
Lauri Markowitz, principal autora do estudo, afirmou que a diminuição da prevalência do vírus foi maior do que o esperado. Segundo ela, algumas razões que podem explicar esse resultado são: imunidade de rebanho (quando os benefícios da aplicação de vacinas são recebidos também por pessoas que não as tomaram), alta eficácia da vacina mesmo sem as três doses completas ou mudanças no comportamento sexual das jovens — fator que não foi medido pela pesquisa.
Nos Estados Unidos, a vacina contra o HPV é recomendada para meninos e meninas de 11 a 12 anos. Pesquisas recentes, no entanto, mostraram que apenas metade das meninas recebe a primeira dose – entre os meninos esse número é ainda menor. A recomendação é que sejam tomadas três doses da vacina, no decorrer de seis meses.
Segundo os CDC, a cada ano, 14 milhões de pessoas são infectadas com o vírus nos Estados Unidos. Acredita-se que o HPV provoque 19.000 casos de câncer ao ano entre as mulheres no país, sendo o câncer de colo do útero o mais frequente. Entre os homens, estima-se que o HPV cause 8.000 tumores por ano, sendo o câncer de garganta o principal deles.

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