6.18.2010

Microbiológia em cosméticos e produtos de higiene pessoal

Dentre tantos itens que o fabricante de produtos cosméticos e de cuidados pessoais em geral precisa conhecer e aplicar, quando o assunto contaminação microbiológica ganha prioridade, várias preocupações vêm à tona como: “Meu produto apresenta contaminação acima do grau permitido? Será que tenho perdido vendas por causa disso? Como saber se minha empresa adota corretamente as boas práticas de fabricação e controle (BPFeC)? O sistema conservante em uso é o melhor para inibir a contaminação microbiológica do produto até o final do prazo de validade? Enfim, será que minha equipe está preparada para responder a estas perguntas? Por onde começar”?

Assegurar a proteção microbiológica desses produtos é uma questão multifatorial e, por envolver dois mundos invisíveis, o das moléculas e o das células, com as inúmeras interações que acontecem entre eles, torna-se uma questão complexa. Vencer os desafios organizacionais e individuais não é complicado mas requer atualização e dedicação para aprofundar o entendimento do trinômio produto-conservante-microorganismos e assim acertar na escolha do sistema conservante e manter um bom programa de monitoração da qualidade microbiológica. Este artigo aponta os princípios que devem nortear a busca da excelência em qualidade microbiológica de produtos cosméticos e de higiene pessoal.

Um produto livre de microorganismos que possam causar danos à saúde humana, constitui uma exigência crescente principalmente por parte dos consumidores e também dos órgãos responsáveis pela vigilância sanitária do país. As conseqüências de um creme ou xampu contaminado recaem sobre o consumidor, que pode sofrer um dano à saúde devido à população de microorganismos, como bactérias, fungos e leveduras em sua pele ou cabelos ficar acima do normal, podendo se tornar patogênica, contudo o crescimento de microorganismos pode ainda provocar mudanças de cor, odor e consistência, resultando no abandono do produto pelo consumidor, reclamações de produto junto à empresa e nas conseqüentes perdas financeiras e de imagem da marca ou da empresa como um todo. Portanto é por razões de garantia da qualidade que a busca da excelência em qualidade microbiológica tem importância crescente na indústria cosmética e de produtos de cuidado pessoal.

Minimizar riscos microbiológicos é uma tarefa que exige grande empenho, tornando-se uma busca constante tanto para os pequenos como para os grandes fabricantes, seja numa instalação com tecnologia de produção convencional ou a mais moderna. O assunto envolve diferentes áreas do conhecimento e as mais diversas atribuições dentro de uma empresa, principalmente Pesquisa & Desenvolvimento, Manufatura, Qualidade, Suprimentos e Marketing.
Todos têm e sempre terão desafios a enfrentar para não perder espaço no mercado por problemas de contaminação pois o mundo dos microorganismos é dinâmico. Estes desafios começam na fase de desenvolvimento do produto e processo de fabricação chegando ao uso pelo consumidor até o final do prazo de validade.
O que difere um fabricante de outro é o estágio em que cada um se encontra em relação à implantação das BPFe C, ao uso correto dos conservantes e sanitizantes e ao investimento dado ao fator humano para desenvolver e aplicar novas técnicas, obter maior disciplina e cooperação na obediência às normas através da constante reciclagem de conhecimentos e conscientização sobre procedimentos e padrões de qualidade microbiológica.

Todos têm responsabilidade sobre a qualidade microbiológica do produto, a começar pela fase de desenvolvimento em que os fundamentos para se formular cosméticos livres de contaminações indesejáveis e assim mantê-lo por todo o seu ciclo de vida devem ser aplicados. Principalmente os formuladores e microbiologistas precisam entender profundamente sobre a composição química do produto, sobre os microorganismos contaminantes e sobre a química e mecanismos de ação dos conservantes microbiológicos.

Conservantes são substâncias químicas também conhecidas como preservantes (tradução adaptada do inglês) cuja função é inibir o crescimento de microorganismos no produto, conservando-o livre de deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras. Eles podem ter atividade bacteriostática e/ou fungistática. Não é função do conservante compensar más práticas de fabricação. Isto pode inclusive gerar microorganismos resistentes, porém mesmo que o fabricante possa oferecer um produto isento de contaminações, o próprio consumidor inadvertidamente pode adicionar uma certa carga microbiana durante o seu uso, conforme ilustrado na figura 1, tornando-se necessário prover o produto de algum sistema de conservação.

Não raro, o que se observa é que o formulador deixa a escolha do conservante para o final do processo de desenvolvimento havendo a tendência em se lançar mão sempre dos mesmos tipos de ativos. Entretanto, com a rápida e enorme modernização da Cosmética, para se selecionar o melhor sistema conservante para cada fórmula, na sua melhor combinação de tipos de ativo e na concentração ideal, é preciso dominar o conhecimento do trinômio produto-conservantes-microorganismos, que resume os pontos da estratégia de proteção microbiológica do produto, conforme esquematizado na

Como produto, é importante considerar aqui sua composição química, embalagem e o processo de fabricação. O primeiro aspecto a ser considerado na escolha do conservante é a regulamentação do uso de substâncias de ação conservante permitidas, uma vez que é de caráter eliminatório. No Brasil, atualmente as normas de BPFeC são estabelecidas pela Portaria do Ministério da Saúde No 348 de 18 de agosto de 1997 e a lista de conservantes permitidos para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes consta da Resolução RDC No 162 de 11 de setembro de 2001. A regulamentação varia de país para país. Por exemplo, na comunidade européia é a diretiva para cosméticos 76/768 EEC que apresenta as mais de 60 substâncias ativas em seu anexo VI, no entanto somente cerca de uma dúzia destes são efetivamente usados pelo mercado, entre eles ésteres do ácido parahidroxibenzóico (parabenos), fenoxietanol, isotiazolinonas, imidazolidiniluréia, dimetildimetilhidantoína e iodopropinilbutilcarbamato. O Japão é o país que conta com a lista mais restritiva, por isso exportar produtos para atender os japoneses é um desafio a mais para os formuladores.

Tendo em vista a procura dos consumidores por produtos cada vez mais suaves e seguros, a tendência no mundo é de minimização da concentração e número de tipos de ativos, permanecendo no mercado os que contam com estudos toxicológicos melhores e mais completos bem como dados epidemiológicos satisfatórios. Isto obriga o formulador a aprofundar seus conhecimentos em Química para combinar sinergicamente um portifólio cada vez menor de ativos e reduzir a necessidade do uso de conservantes, repensando assim o método tradicional de formulação em que os conservantes eram encarados como simples coadjuvantes para criar um conceito mais avançado de produtos auto-conservantes ou livre de conservantes em que a conservação é inerente à própria fórmula. Esse conceito alinha-se às metas de redução de custos de desenvolvimento e otimização de fórmulas, uma prioridade que já se incorporou em todas as organizações.

Produtos auto-conservantes normalmente têm prazo de validade menor, são apresentados em frascos do tipo dispenser ou bisnagas especiais que solucionam boa parte do problema protegendo o produto da carga microbiana das mãos do consumidor ou do ambiente. Nesse sentido o tipo de fórmula e viscosidade devem ser adaptados. Alguns desses produtos requerem cuidados especiais de acondicionamento. Existem linhas de cosméticos cuja recomendação do fabricante é manter sob refrigeração.

Para se definir se a susceptibilidade do produto é maior à contaminação por bactérias, fungos ou leveduras, avalia-se inicialmente a atividade de água do produto. Quanto mais aquosa, mais susceptível à bactérias. Em geral cremes e loções exigem atividade tanto bacteristática quanto fungistática, fazendo-se necessário utilizar misturas de conservantes de amplo espectro de atividade.

O segundo passo para se selecionar um sistema conservante é conhecer suas propriedades físico-químicas para se prever possíveis incompatibilidades químicas com os componentes da fórmula e até de inativação do conservante; a solubilidade em água, tensoativos e glicóis; o coeficiente de distribuição de ativos; a estabilidade em relação ao pH e temperatura que sofrem variações durante o processo de produção; a possibilidade de bombeamento; a necessidade de pré-mistura em fase oleosa e as perdas por evaporação durante o processo e até por adsorção à resina da embalagem. As propriedades organolépticas também devem ser consultadas a fim de se prever possíveis interferências na cor, no odor e também no sabor, em caso de produtos para os lábios. Via de regra, o ideal é adicionar os conservantes ao final do processo de manufatura após a fase de resfriamento pois geralmente um de seus componentes pode sofrer degradação. É preciso tratar o conservante com os mesmos cuidados dedicados aos perfumes, matéria-primas igualmente caras e sensíveis às variações do processo.

O conhecimento da flora potencialmente contaminante do produto requer a monitoração dos insumos destacando-se a água e as embalagens, das instalações, dos equipamentos e do ar através de análises microbiológicas do tipo contagem, swab-test, número mais provável e outras e com base em padrões dados em UFC/mL (unidades formadoras de colônias por mililitro). O monitoramento permite validar métodos e procedimentos a fim de prevenir contaminações à medida que se combate o seu foco ou causa, bastando na maioria das vezes, determinar o tipo de célula - bactéria, fungo ou levedura – não sendo necessária a identificação morfológica a menos que se trate de microorganismo muito reincidente principalmente no sistema de purificação da água.

A eficácia do sistema conservante só pode ser garantida através de testes de desafio, ou challenge Tests como são conhecidos, que consistem na inoculação do produto com microorganismos especificados pela CTFA (The Cosmetic, Toyletry and Fragrance Association) e a constante monitoração da carga sobrevivente. Idealmente estes testes devem ser realizados durante os testes de estabilidade das amostras do teste de fábrica e acompanhados com análises de determinação dos ativos conservantes para melhor interpretação dos resultados.

Devido à tendência em se lançar produtos cada vez mais seguros e ao mesmo tempo mais naturais, a melhoria das práticas de fabricação se impõe como uma condição de Qualidade Total. A lavagem das mãos e o uso correto de luvas seguido do controle de bio-incrustrações nos equipamentos e tubulações que se formam em superfícies porosas e cantos mortos que possibilitam que líquidos permaneçam estagnados. Especial atenção deve ser dada à limpeza e sanitização, que devem seguir procedimentos rigorosos e validados.

Para quem está dando os primeiros passos em busca da excelência em qualidade microbiológica, contar com a ajuda de um bom serviço de consultoria pode significar uma verdadeira arrancada na direção da produtividade de acordo com as exigências do mercado. A revisão da composição química do produto segundo os princípios de racionalização e otimização aqui apresentados, a adequação do sistema conservante e monitoração microbiológica constituem portanto o trinômio da qualidade microbiológica, valendo por fim ressaltar as seguintes recomendações:

1. aprimorar o senso crítico do formulador na racionalização da fórmula;

2.observar os critérios de escolha do sistema conservante tendo a regulamentação de mercado como fator eliminatório;

3.usar a concentração adequada de conservante que seja estável e compatível com a composição química do produto e condições do processo;

4.requisitar orientação do fornecedor do sistema conservante ou serviço de consultoria nas áreas de menor domínio dentro do trinômio produto-conservante-microorganismos;

5.buscar o melhor balanço custo-benefício;

6.validar e realizar os testes de estabilidade, de eficácia e clínicos incluindo amostra de fábrica acompanhados das análises físico-químicas, como forma de garantir a proteção microbiológica;

7.adotar as melhores práticas de fabricação e controle organizadas num sistema de monitoração da qualidade microbiológica integrado.

Bibliografia

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Rigano, L. and Leporatti, R. Systemic Constellations: with or without preservatives? SÖFW-Journal, 129. Jahrgang 6-2003.

Steinberg , D.C. (1996). Preservatives for Cosmetics. C&T Ingredient Resource Series.Cosmetics & Toyletries.


Autoria:Vera Lúcia Siqueira

CONTROLE MICROBIOLÓGICO; COSMÉTICOS

Opções para todas as tendências – São muitas as inovações em conservantes oferecendo novas respostas tecnológicas às diferentes necessidades da indústria cosmética. Em alternativa aos parabenos, a Clariant vem apresentando ao mercado blends de conservantes à base de fenoxietanol e Piroctone olamina (Nipaguard PO5).

“Enquanto o fenoxietanol oferece alta efetividade contra bactérias Gram-positivas e negativas, a piroctone olamina age contra fungos e leveduras, representando, portanto, uma associação sinérgica de conservantes com diferentes mecanismos de ação”, informou Ana Paula da Silva, química de desenvolvimento de Personal Care da divisão Functional Chemicals da Clariant.

Também a ISP – International Spe­cialty Products vem atendendo aos últimos apelos da indústria cosmética, trazendo ao mercado conservantes com aprovação global e livres de parabenos. Uma das inovações é o blend Liquid Germall Plus, formado por diazolidinil uréia (39,6%) e IPBC (0,4%), composição diluída em propilenoglicol (60%).

“Ativo em ampla faixa de pH, de 3 a 8, esse preservante apresenta alta eficácia em baixos níveis de aplicação, sendo recomendado na concentração de 0,5%, embora possa ser utilizado em concentrações até 1%, apresentando amplo espectro de atividade microbiana contra fungos, leveduras e bactérias Gram-positivas e negativas, e com aprovação em testes de Challenge”, informou Nelson Perassinoto, gerente técnico de Personal Care para o mercado brasileiro da ISP do Brasil.

Aprovado para uso nos Estados Unidos e União Européia, o Germal Plus pode ser empregado em fórmulas para a pele e cabelos, na fase aquosa ou após a formação da emulsão, não sendo inativado por nenhum outro ingrediente cosmético, tampouco afetado por ingredientes não-iônicos como os parabenos.

Em xampus, a concentração de uso recomendada é de 0,25% até 0,50%. Em emulsões (0,125%, 0,25% e 0,5%), em emulsões não-iônicas (0,25% a 0,5%), aniônicas (0,5%) e à base de proteínas (0,5% a 1%). “Os formuladores brasileiros preferem usar preservantes na forma líquida em virtude das facilidades de incorporação nas fórmulas, mas também desenvolvemos Germall Plus em pó, sem propilenoglicol,

podendo, nesse caso, ser utilizado em concentrações de 0,05% até 0,2%”, informou Perassinoto.

Para a indústria cosmética que, além de exigir conservantes sem parabenos, também não quer utilizar matérias-primas geradoras de formaldeído, a ISP desenvolveu um preservante de amplo espectro, composto de blend de fenoxietanol com caprililglicol. Trata-se de Optiphen, um preservante na forma líquida aprovado globalmente nos Estados Unidos, Europa e Japão, em concentrações de uso até 1,5%.
“Até a classe médica dedicada à dermatologia está recomendando o uso de produtos livres de parabenos e de formaldeído em razão da suavidade e da segurança toxicológica. No entanto, essa categoria de matérias-primas também encontra grande demanda atual entre as indústrias cosméticas exportadoras”, acrescentou o especialista.

Perassinoto: opções sem formol e parabenos


A ISP também assina um novo desenvolvimento na área de ativos seboreguladores, que também concilia ação conservante. Trata-se de Acnacidol, um ativo derivado de biossíntese cujo composto principal é o ácido 10 hidroxidecanóico, substância presente na geléia real, com efeito seboregulador. Seu uso está sendo recomendado para cosméticos destinados ao tratamento da acne e para controle da oleosidade, mas suas atividades antibacteriana e antifúngica transformam esse ativo em ingrediente com função preservante, podendo ser utilizado em concentrações que vão de 2,5% até 5%.

“No caso de Acnacidol, nossa preocupação foi oferecer ao mercado uma alternativa para aqueles que pretendem desenvolver formulações sem conservantes, que poderão fazer uso desse ativo seboregulador para preservar suas fórmulas contra microrganismos”, informou Perassinoto.

Uma mistura de clorometilisotiazolinona com metilisotiazolinona a 1,5% de concentração na proporção de três para um, de ampla atividade bacteriostática e bactericida, e com permissão de uso de acordo com a lista positiva da Anvisa, na concentração máxima de 15 ppm, também integra um dos desenvolvimentos recentes da Rohm and Hass. Trata-se de Kathon CG, um preservante considerado seguro e eficaz para produtos enxaguáveis como sabonetes líquidos, xampus e condicionadores.
Outra família de preservantes apresentada pela empresa, e denominada Neolone, oferece várias tipos de substância e combinação. Uma delas é Neolone 950, composto de metilisotiazolinona na concentração de 9,5%, possui ampla atividade bactericida voltada à preservação de produtos não-enxaguáveis (leave-on) como cremes, géis e máscaras, além de loções para corpo e mãos, produtos para proteção solar, inclusive aqueles com avobenzona, lenços de limpeza e xampus anticaspa à base de piritionato de zinco, apresentando também como característica não liberar formaldeído.

A combinação de duas moléculas com ação preservante – metilisotiazolinona e fenoxietanol – também propiciou o desenvolvimento de uma mistura sinérgica contra bactérias e fungos para formulações de produtos não-enxaguáveis.

“Trata-se de Neolone PE, uma alternativa eficaz para os liberadores de formaldeído e para os parabenos, compatível com ampla variedade de matérias-primas empregadas em produtos para cuidados pessoais, incluindo surfactantes, emulsificantes e avobenzona, que está encontrando ótima aceitação no mercado porque combina dois ingredientes ativos com bases toxicológicas muito bem fundamentadas, não havendo risco de banimento”, informou Zicari.

Outra mistura sinérgica de metilisotiazolinona e caprililglicol, realizada pela Rohm and Haas, também resultou, segundo Zicari, em excelente alternativa a parabenos e liberadores de formaldeído, pois apresenta potente atividade antimicrobiana contra bactérias e fungos, sendo apropriada para a preservação de cosméticos com ou sem enxágüe. Trata-se de Neolone CapG, um blend de conservantes com forte atividade antimicrobiana contra bactérias e fungos, resultante da ação complementar entre as duas substâncias. Com faixa de uso recomendada entre 0,56% até 1,11%, pode ser empregada em ampla variedade de cosméticos como loções e cremes para a pele, hidratantes corporais, produtos para proteção solar, inclusive aqueles baseados em avobenzona, géis para cabelos e lenços de limpeza.

Conservantes isentos de parabenos também constam da linha de insumos para cosméticos da distribuidora Arinos. Um deles é Acnibio SR4L, um composto de caprilato de glicerila e fenoxietanol de alta eficácia e estabilidade, biodegradável e com amplo espectro de atividade contra todos os tipos de microorganismo. De acordo com Daniela Yoshimi Baba, supervisora do laboratório de aplicações cosméticas da Arinos, o caprilato de glicerila atua contra bactérias Gram-positivas e fungos, e oferece propriedades emolientes e emulsionantes. O fenoxietanol é considerado um dos conservantes mais versáteis e apresenta bom desempenho contra bactérias Gram-positivas e negativas. A sinergia entre eles propicia o uso do composto em condicionadores, géis, xampus, surfactantes e cleansers.

Outro conservante indicado pela Arinos é o Acnibio CFS. Trata-se de um composto de clorofenesina, fenoxietanol, ácido benzóico, ácido sórbico, butilenoglicol e dipropilenoglicol. “O dipropilenoglicol, quando combinado com os outros antimicrobianos, melhora o seu desempenho, tornando-os indicados para a maior parte das formulações cosméticas, exceto aquelas de caráter catiônico, devido ao risco de formação de complexo que irá reduzir a capacidade conservante”, informou Daniela.

Preservantes de longa duração – Boa parte dos conservantes desenvolvidos pelas indústrias oferece associações entre substâncias com diferentes mecanismos de ação, reunindo ativos com ação imediata, conhecidos como fast-kill e ativos com ação prolongada, os chamados slow-kill. Na opinião de especialistas da Ipel, os conservantes para uso cosmético têm de promover a combinação de mecanismos de ação para não só preservar o produto no período no qual está embalado, mas também depois de aberta a embalagem, durante o tempo de uso que dele fará o consumidor.

“Na Europa, já existe a necessidade de manter a validade do cosmético por um período de 24 meses quando se encontra acondicionado na embalagem fechada, período esse que deverá ser complementado por mais 12 meses após a abertura da embalagem”, disse Luiz Wilson Pereira Leite, diretor de marketing e negócios internacionais da Ipel Itibanyl Produtos Especiais.

Em volume, de acordo com o diretor, por enquanto não resta dúvida: os parabenos são os mais comercializados no mundo todo, mas estão em vias de ser subtituídos com vantagens por um ativo muito promissor para o setor cosmético, representado pela metilisotiazolinona, cujo uso pode ser feito em quantidades bem elevadas, até

Pereira Leite: cosmético precisa resistir até na embalagem aberta


100 ppm, e ainda ser associado a outros ativos da lista positiva da Anvisa. “As metilisotiazolinonas já contam com testes exaustivos comprovando a sua eficácia e baixa toxicidade em cosméticos enxaguáveis e não-enxaguáveis, e são aprovadas pela Anvisa”, afirmou o diretor.

Com exceção da butilbenzoisotiazolinona, a Ipel fabrica no Brasil toda a família das isotiazolinonas como a benzoisotiazolinona, a metilcloroisotiazolinona e a metilisotiazolinona. “A tendência mundial é a metilisotiazolinona substituir não só os parabenos como também a metilcloroisotiazolinona”, explicou Pereira Leite.

A produção nacional da família das isotiazolinonas iniciou-se na Ipel há pouco mais de três anos. Desde então, o interesse por essas moléculas vem crescendo bastante entre os produtores nacionais e também do exterior. “No Brasil, acreditamos que as isotiazolinonas deverão avançar bastante não só pela aceitação que o mercado interno está demonstrando em relação à substância, como também por causa da microbiota local”, considerou a bióloga Eliane Gama Lucchesi, gerente de assistência técnica e microbiologia da Ipel Itibanyl.

Eliane: ambiente local favorece as isotiazolinonas


A condição de higiene de processo e as boas práticas de fabricação, sem dúvida, influenciam muito a microbiota local, mas é muito mais freqüente encontrar-se contaminações por Staphylococcus aureus em áreas tropicais, como o Brasil, do que em regiões de clima temperado.

Nos laboratórios de monitoramento e controle de eficácia dos conservantes colocados à disposição dos clientes, os técnicos da Ipel chegam a analisar quais substâncias e quais as combinações são mais apropriados a cada tipo de cosmético ou desenvolvimento em curso pelas indústrias.

“A nossa rede de laboratórios deverá ser ampliada em futuro próximo”, antecipou o diretor Pereira Leite. Atualmente, a empresa mantém, além do laboratório-sede, no Brasil, outras unidades em funcionamento na Argentina, Colômbia e Espanha, mas, em breve, deverá instalar novos laboratórios também na China e no México, estratégia que visa promover a maior internacionalização de toda a linha de biocidas e conservantes fabricada pela empresa que hoje atende a doze diferentes segmentos de mercado e exporta para 26 países.

Com toda a linha de conservantes para o setor cosmético em distribuição pela Bandeirante/Brazmo no Brasil, a Ipel também desenvolveu recentemente um aparelho para medir o crescimento microbiano em amostras de cosméticos no período de 18 horas ou até 24 horas, com o propósito de auxiliar as indústrias cosméticas nas atividades de monitoramento e no desenvolvimento de novos conservantes. “Trata-se de equipamento que permite identificar os gêneros e as espécies de microrganismos presentes nas amostras, após o isolamento da bactéria, no período de seis a oito horas”, informou Eliane.

Nova geração em testes – Várias indústrias brasileiras vêm testando os novos preservantes desenvolvidos pela McIntyre como o Phenagon PBD, o Mackaderm GCP e Mackstat GCM. O PBD é uma mistura de fenoxietanol, ácido benzóico e ácido dehidroacético, formulada como uma efetiva e segura alternativa aos doadores de formaldeído e parabenos contra bactérias Gram-positivas e negativas. “O Phenagon PBD está de acordo com as novas tendências: não tem parabenos, não é doador de formaldeído, não tem halogênios e nem metilcloroisotiazolinonas, nesse último caso, um excelente fungicida, mas muito sensibilizante e, por isso, apenas recomendado dentro de limites mais estreitos de uso, pois pode ocasionar irritabilidade dérmica”, disse Viana.

O GCP é uma mistura de álcool fenitílico (ativo extraído das pétalas de rosas) com caprilato de glicerila (emoliente). “O interessante dessa mistura, denominada Mackaderm GCP, é que as duas substâncias componentes não são consideradas conservantes de acordo com o anexo VI da Colipa, mas tem ação antimicrobiana e antifúngica de amplo espectro, podendo ser utilizada em dosagens de 0,5% até 1,66%, tanto em produtos enxaguáveis como não-enxaguáveis”, explicou Viana.

Já o Mackstat GCM, trata-se de combinação de caprilato de glicerila com metilisotiazolinona de amplo espectro antimicrobial para formulações rinse-off e leave-on.

Conservantes isentos de parabenos e não liberadores de formaldeído também estão contemplados nas novas linhas desenvolvidas pela Cognis. A hexamidine diisethionate (Elestab HP-100), por exemplo, é um conservante catiônico hidrossolúvel e de amplo espectro que age contra bactérias, fungos e leveduras. “O Elestab HP-100 pertence à classe das diamidinas aromáticas e está sendo reconhecido como conservante polivalente devido ao duplo efeito: conservante das fórmulas e ‘sanitizante’ da pele, atuando como anticaspa e também no combate a peles acnéicas”, informou Neil Barrientos, gerente regional de marketing da Cognis do Brasil. Suas aplicações incluem produtos para limpeza e tratamento da pele em emulsões, géis, soluções aquosas e alcoólicas, sprays, sticks, xampus anticaspa transparentes, cosméticos para contorno dos olhos e wet wipes, em concentrações de uso desde 0,03% até 0,08% para uso conservante e 0,1% para uso em cosméticos para tratamento.

Outros desenvolvimentos recentes são Elestab CPN e Elestab PB Free. No primeiro caso, trata-se de conservante

Barrientos: conservante também sanitiza a pele


pertencente à classe dos derivados de alfa-gliceril éter (Chlorphenesin), caracterizado por um pó branco microcristalino, solúvel em álcool e em água à temperatura entre 50ºC e 80ºC, e recomendado para emulsões, hidrogéis, tônicos, preparações espumantes, maquiagens e produtos para o contorno dos olhos. No segundo, trata-se de conservante líquido, livre de parabenos e pronto para uso, que oferece uma mistura entre fenoxietanol e ácido ascórbico em uma solução de água-glicerina que permite ampla proteção microbiana, sendo recomendado para conservar produtos para a pele, formulados em emulsões e géis, bem como para produtos para os cabelos como xampus e condicionadores.

Apresentando estabilidade sob temperaturas acima de 40º C e não sofrendo alterações quando empregado em faixas de pH entre 5 e 8, outro conservante desenvolvido pela Cognis, pertencente à linha tradicional, o Bronidox L-5 (propilenoglicol, 5-bromo-5-nitro-1,3-dioxano), destina-se a cosméticos enxaguáveis, na concentração máxima de uso de 0,1% de substância ativa, e também é livre de parabenos.

Indústria atende aos apelos – A tendência “livre de parabenos” já se manifesta em algumas indústrias cosméticas no Brasil. A Mantecorp, por exemplo, já vem adotando em toda a sua linha de produtos dermocosméticos sistemas conservantes livres de parabenos, que costumam sofrer restrições da área médica, segundo Hugo Pinto, diretor-industrial da empresa. “Antes de submetermos um novo produto aos órgãos regulatórios, verificamos a eficácia do conservante na formulação diante dos microrganismos indicados nos compêndios oficiais e outros isolados em nossa fábrica, antes, durante e após submeter o produto a estresse físico”, informou o diretor.

Atualmente, diante da sensibilidade de faixas da população usuária a sistemas conservantes tradicionais, a Mantecorp está desenvolvendo novas fórmulas à base de componentes naturais, visando reduzir o potencial alergênico.

Além de novos sistemas conservantes, a empresa põe em prática suas políticas de qualidade, visando assegurar a pureza, a segurança e a eficácia de todos os produtos, atendendo às exigências sanitárias e os critérios pré-definidos internamente. “Nosso sistema de qualidade começa nos primeiros passos do desenvolvimento de uma formulação, que é desafiada por sucessivos testes sob condições de stress, e passam pela qualificação dos fornecedores de insumos, pela purificação da água utilizada nos processos de fabricação, seguindo pela validação dos processos, e pelo acompanhamento da performance da produção ao longo do tempo de prateleira do produto”, explicou o diretor. Além de realizar análises laboratoriais em cada uma das etapas do processo produtivo, a Mantecorp também monitora as áreas de trabalho e os equipamentos, sendo que todo o pessoal envolvido na produção é treinado em boas práticas de fabricação e para atuar de acordo com cada procedimento operacional.

Conservantes naturais – Atendendo ao apelo mundial por conservantes naturais, a Kemira desenvolveu dois ativos: o dehidroacetato de Sódio e o Hinokitiol. O primeiro, denominado Tristat SDHA, é um conservante pertencente à família dos ácidos benzóico e sórbico, sendo um dos poucos conservantes permitidos para emprego em formulações de linhas orgânicas e naturais, com segurança de uso bastante conhecida, inclusive na área farmacêutica. “Sua principal vantagem diante dos outros ácidos de sua família é seu maior pKa, o que resulta em uma efetividade conservante superior em valores de pH mais próximos do neutro, em torno de 5,0, onde se encontra a grande variedade de formulações para a pele”, disse Francisco Santin de Souza, coordenador de pesquisa e inovação da Cosmotec Especialidades Químicas, representante da Kemira. O segundo ingrediente com ação conservante 100% natural (Hinokitiol) consta da lista positiva do Japão, sendo permitido em formulações leave-on, rinsáveis e para mucosa oral, podendo ser empregado na

Souza: biocida natural protege cosméticos da linha orgânica


Europa e Brasil, inclusive, com apelo preservative-free. Proveniente do óleo da planta Hinoki, originária da Ásia, Hinokitiol é um pó puro solúvel em óleo, que possui amplo espectro de ação em concentrações extremamente baixas, desde 0,025% até 0,040%.

Outra inovação vem da Nikkol, do Japão. Trata-se de Nikkoguard 88, uma mistura sinérgica de dois emolientes, o glicerilcaprilato e o etilhexilglicerin, 74% composta de ingredientes de origem vegetal. “Testes comparativos realizados com uma emulsão de Nikkoguard 88 e outra emulsão contendo 0,50% de parabenos (metil e propil) revelaram que Nikkoguard 88 apresentou eficácia superior na redução de cargas microbianas, principalmente envolvendo A. niger, bolor sobre o qual a ação dos parabenos tem baixa efetividade”, informou Souza.

Em associação com butilenoglicol, Nikkoguard apresenta sinergia, podendo ser utilizado em concentrações em torno de 0,40%. De fácil incorporação, é solúvel a frio em óleos e glicóis, possuindo alta estabilidade em ampla faixa de pH, entre 3 e 7, e sob temperaturas até 80º C, podendo até mesmo ser incorporado a lecitinas, ingrediente conhecido co­mo inativante de conservantes, sem perder suas propriedades.

Enzimas antimicrorganismos – Um sistema enzimático exclusivo (Biovert), antibacteriano, antifúngico e antioxidante, composto por duas enzimas naturais, a glucose oxidase e a lactoperoxidase, um açúcar, a glucose, utilizada como substrato para reação, e dois ânions inorgânicos, o hipoiodeto e o hipotiocianato, desenvolvido pela Arch Chemicals, comprovou ser capaz de manter a integridade das formulações por mais de dois anos.

Com alta eficácia antibacteriana, esse sistema promove efetivo controle de fungos e reduz a degradação oxidativa de cosméticos enxaguáveis e não-enxaguáveis. Conforme Tatiana M.Kumayama, química sênior da área de Personal Care da Arch Química Brasil, o mecanismo de ação de Biovert imita uma ocorrência do sistema de defesa e proteção natural antimicrobiana e antioxidante do corpo humano contra as infecções. “Quando as duas partes do sistema são combinadas, uma reação em cascata ocorre gerando produtos antimicrobianos in situ. A reação é iniciada pela ação do oxigênio na enzima glucose oxidase que ataca o substrato (glucose), liberando peróxido de hidrogênio. Este, por sua vez, catalisa as reações de oxidação do iodeto e do tiocianato, que se transformam em hipoiodeto e hipotiocianato, os quais possuem ação antimicrobiana, resultando na rápida morte das células microbianas.”

A primeira reação, segundo Tatiana, consome todo o oxigênio existente na embalagem contendo o produto final mas, após a abertura da embalagem, o sistema antimicrobiano é reativado pela entrada do oxigênio. “O fato é que a formulação se torna

Tatiana: combinação de enzimas e ânions é biocidas e antioxidante


livre de oxigênio e oferece um benefício adicional que ajuda a proteger os ingredientes sensíveis a oxidações”, acrescentou.

Testes de desafio realizados com Biovert revelaram que as formulações resistem a bactérias como P. aeruginosa, K. pneumoniae e S. aureus, e também contra fungos e leveduras, como C. albicans, A. niger e Penicillium molds.

De acordo com recomendações do fabricante, Biovert não deve ser exposto a temperaturas superiores a 40ºC. Em rigorosos testes de estabilidade, emulsões contendo o sistema resistiram aos testes de Challenge depois de mais de dois meses armazenadas em temperaturas abaixo de 40ºC, três meses em 37ºC, seis meses a 35ºC e mais de dois anos à temperatura de 25ºC.

Um sistema preservante efetivo, segundo lembra Tatiana, deve assegurar a redução constante e decrescente dos microrganismos. O critério recomendado para bactérias é o seguinte: deverá haver pelo menos uma redução de 99,9% de bactérias vegetativas dentro do período de sete dias durante cada teste de desafio, sem que haja aumento durante todo o período de teste. Para leveduras e fungos, deverá haver pelo menos 90% de redução dentro do período de sete dias seguidos para cada teste de desafio que for realizado, sem que ocorra qualquer aumento durante o período dos testes, sendo que cada teste deverá ter a duração no mínimo de 28 dias e, se fórmula não se adequar a esses critérios, deverão ser consideradas avaliações adicionais.

Além de desenvolver sistemas preservantes naturais, outra preocupação da Arch vai ao encontro da necessidade de emprego de insumos de aceitação regulatória irrestrita, que possam ser aprovados mundialmente, nos Estados Unidos, União Européia e Japão. Um dos desenvolvimentos nessa área representa uma combinação livre de parabenos, isotiazolinonas e de doadores de formaldeído. Trata-se de Mikrokill PCC, uma combinação de fenoxietanol, cloroxilenol e caprililglicol, na forma líquida transparente, facilmente adicionada diretamente em formulações oleosas. “Em sistemas emulsionados”, ensina Tatiana, “Mikrokill PCC pode ser facilmente integrado nos primeiros passos da emulsão, na fase do óleo ou pós-emulsão, em temperaturas abaixo de 60ºC, enquanto em sistemas aquosos a adição de um co-solvente, agentes de ligação e/ou surfactantes podem ser necessários para solubilizá-lo.”

Mikrokill PCC não é solúvel em água. Entretanto, na presença de lauril sulfato de sódio, surfactante utilizado em fórmulas de xampus, a solubilidade na água aumentou em mais de seis vezes. Em outros tipos de formulação à base de água, o fabricante recomenda combinar o sistema com polissorbato 20, na proporção de um para um, para solubilizá-lo e adicionar a mistura ao produto acabado.

Outra exclusividade da Arch está no preservante especial para demaquilantes, tônicos, hidratantes, limpadores faciais, lenços umedecidos que, além de oferecer ação antibacteriana, tem propriedades desodorantes. Trata-se de Cosmocil CQ, uma solução de 20% de poli hexametilenobiguanida hidroclórica, conhecida como PHMB, de ampla atividade antimicrobiana.

Classificado como uma biguanida, Cosmocil CQ age diretamente na membrana do microorganismo, apresentando características tanto bacteriostáticas como bactericidas, a depender da concentração de uso. Diferentemente dos antibióticos, conforme o fabricante, não apresenta risco de desenvolvimento de resistência do organismo.

“Cosmocil CQ é um preservante suave, que pode ser utilizado em cosméticos para o público infantil como condicionadores, loções e lenços umedecidos. Suas características catiônicas, porém, impedem sua utilização em produtos com características aniônicas”, explicou Tatiana.

A comprovada eficácia em baixas concentrações de uso, a baixa toxicidade e a compatibilidade com as principais matérias-primas também fazem do conservante Triadine CG, outro item constante do portfólio da Arch, uma outra opção para a indústria cosmética. Indicada para xampus, condicionadores, sabonetes líquidos, entre outros, trata-se de uma mistura de clorometilisotiazolinona e metilisotiazolinona, efetiva nas concentrações de uso de 0,1% em peso em produtos enxaguáveis e 0,05% em peso em produtos não-enxaguáveis.

Higienização das instalações
deve seguir indicações técnicas

Os resíduos de matérias-primas e produtos acabados deixados no chão das fábricas e nos equipamentos após a produção de volumes, bateladas e lotes de cosméticos também se tornam um meio de cultura propício para o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis para o ambiente, propiciando influência negativa para a qualidade do produto final, segundo alertam os técnicos do Ecolab, empresa fornecedora de soluções de higiene e sanitização para as indústrias.

Um sistema de limpeza e desinfecção eficiente, conforme defendem os técnicos da empresa, é aquele que garante a higienização de todas as superfícies, com a utilização de produtos compatíveis com os equipamentos e o meio ambiente e que ainda apresente a melhor relação custo/benefício.

A adoção do programa de boas práticas de fabricação, além de obrigatória, deve ser acompanhada do controle microbiológico não só dos produtos manufaturados, mas também das matérias-primas, instrumentos, tanques de estocagem e equipamentos.

Entre as recomendações técnicas, é importante manter janelas e portas das áreas de produção fechadas e livres de poeira e pragas, com sistemas de ventilação externa, além da checagem regular de microrganismos presente no ar. O uso de telas é recomendado para impedir a entrada de insetos durante a abertura das portas.

As superfícies dos equipamentos devem ser de fácil acesso e permitir a limpeza e a desinfecção fácil e efetiva. Caso isso não seja possível e existam pontos “mortos”, a limpeza deve ser feita com a desmontagem das partes críticas.

Os procedimentos de higienização e desinfecção devem abranger os produtos utilizados, suas concentrações de uso, temperatura, tempo de contato e as atividades de limpeza.

Caso um desses fatores não seja considerado, existe a grande possibilidade de se constatar falha de higienização e, conseqüentemente, a ocorrência de contaminações. Exemplo disso são as limpezas realizadas apenas com água quente e desinfetante, pois não são suficientes para a remoção das matérias orgânicas e/ou inorgânicas presentes nos ambientes.

A escolha do produto químico adequado é outro fator que irá depender do tipo e das quantidades de sujeira presentes nas superfícies, do método de limpeza (a seco, a úmido, manual, CIP etc.), da qualidade da água disponível, do custo, do tempo disponível e da temperatura permitida. Como se sabe, segundo chamam a atenção os técnicos, as altas temperaturas aumentam a adesão de alguns produtos, como os vários silicones, às superfícies, dificultando a sua limpeza.




De forma geral, um programa de limpeza e desinfecção deve seguir as seguintes etapas: enxágüe com água, detergência, enxágüe com água, desinfecção e enxágüe final novamente com água. Os procedimentos para limpeza e sanitização devem envolver os tanques de mistura, as peças, os equipamentos, os pisos, os tetos e as paredes internas e externas às áreas de produção. Deve-se também realizar a desinfecção ambiental por meio de pulverizações ou nebulizações com desinfetantes à base de ácidos peracéticos semanalmente e/ou ao final de cada produção. A limpeza e a desinfecção de banheiros e vestiários devem ser efetuadas diariamente ou ao final de cada produção com desinfetantes à base de quaternários de amônio. A limpeza e a desinfecção de panos e utensílios de limpeza, por sua vez, conforme recomendam os técnicos, devem ser feitas com produtos alcalinos clorados. A limpeza e assepsia das mãos e antebraços devem ser feitas com sabonetes à base de triclosan e géis sanitizantes contendo 70% de álcool e emolientes.

A qualidade microbiológica da água é outro fator importante para garantir um processo de higienização eficiente. Existem métodos que provêem esse controle microbiológico, como é o caso da cloração a partir de pastilhas de hipoclorito de cálcio com o programa Elgicide Bio-C que são aplicadas por meio de dosadores automáticos diretamente nas linhas de água.

Os tipos encontrados de sujidade nas indústrias cosméticas são classificados de acordo com os tipos de produção, como de produtos para tratamento dos cabelos (xampus, condicionadores, cremes e géis para cabelos, tinturas), produtos para higiene pessoal (sabonetes em barra, líquidos e em gel), produtos para tratamento da pele (loções, máscaras, protetores) e maquiagens (bases, máscaras, batons, sombras, delineadores etc).

Por ordem de dificuldade, consideram os técnicos, as sujidades decorrentes da produção de maquiagem são as mais difíceis de remover, seguidas pela fabricação de produtos para tratamentos corporais, higiene pessoal e tratamento dos cabelos.

Existem alguns programas desenvolvidos por tipo de produto. Grande parte dos resíduos pode ser retirada diante da presença de detergente alcalino, cuja concentração e aplicação são avaliadas caso a caso. Entretanto, existem casos específicos em que será necessária uma avaliação mais cuidadosa por parte do departamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da indústria, realizando-se testes com vários produtos até encontrar o mais adequado para cada tipo de situação. Muitas vezes, a remoção exige uma concentração elevada de tensoativos alcalinos de difícil remoção, sendo necessário usar muitos litros de solução ácida para finalizar a operação.

Como recomendação geral, a escolha do desinfetante deve levar em conta a sua eficiência diante dos microrganismos, a sua baixa corrosividade, o seu baixo impacto ao meio ambiente, a sua baixa sensibilidade ao pH da água, todos requisitos apresentados pelo desinfetante Vortexx, segundo recomendam os técnicos do Ecolab.

Sujidades reconhecidamente mais difíceis de remover, como as bases de silicone, necessitam de produtos especialmente elaborados, como o Exelerate HS-I. Essa tecnologia, de acordo com os técnicos do Ecolab, é baseada na liberação de oxigênio oxidativo que promove o desprendimento da sujidade por meio de processo de ruptura que ocorre em reação química na superfície da sujidade.

Por fim, consideram os técnicos, não basta apenas ter conhecimento sobre os sistemas de limpeza adequados e os tipos de tecnologia a serem empregados, pois igualmente importante é a conscientização dos profissionais que participam direta ou indiretamente desse processo. O fator humano – aliado a uma política voltada para a qualidade – é o que diferencia as empresas que seguem com todo o rigor as boas práticas de fabricação.

Fonte: www.quimica.com.br/.../cosmeticos03.html





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