Mulheres mais velhas realmente preferem os garotos mais novos?
Apesar de Madonna, Demi Moore e da personagem Stela (Maitê Proença) da novela Passione, da Rede Globo, aparecerem por aí com namorados mais novos, um novo estudo diz que essa história de mulher gostar de homem mais jovem é mito.Psicólogos britânicos estudaram participantes de sites de encontros e descobriram que as pessoas continuam muito tradicionais ao escolherem parceiros, segundo reportagem do Daily Telegraph.
O estudo da Universidade de Wales analisou o comportamento de 22 mil pessoas em 14 países e de dois grupos religiosos. Os pesquisadores verificaram que mulheres buscam por parceiros mais velhos e saudáveis, enquanto os homens tentam encontros com mulheres mais jovens. Ele desmente o fenômeno conhecido nos Estados Unidos e Europa como mulheres “cougar”, quarentonas que preferem sair com garotões, disseminado por seriados de TV como “Sex And The City”, filmes e até mesmo entre aos relacionamentos reais de celebridades.
A concepção que predominava atualmente é que, com a conquista da independência financeira, as mulheres estariam livres para procurarem parceiros mais novos. Mas, apesar de algumas diferenças em determinadas culturas, o estudo mostra que as mulheres ainda preferem homens de sua idade ou mais velhos. E os homens de 20 a 25 anos querem garotas de sua idade ou levemente mais novas. Já os mais velhos, fazem suas escolhas visando mulheres bem mais novas em todas as culturas avaliadas.
O estudo foi feito com usuários de sites de namoro na Austrália, Brasil, Inglaterra, Canadá, China, Grécia, Indonésia, Japão, Quênia, México, Rússia, África do Sul e Ucrânia. Para os pesquisadores, a conclusão condiz com a teoria da evolução. As mulheres, quando buscam por parceiros para longo prazo, focam em status e riqueza, qualidades intensificadas com a idade. Já os homens valorizam os atributos físicos, condição ligada aos anos de máxima fertilidade feminina.
Apesar de evoluirmos em muitos sentidos, e de relacionamentos entre mulheres mais velhas e homens jovens fazerem sucesso na TV, show business e até de serem mais socialmente aceitos do que antes, o que elas querem é a segurança de um homem maduro e eles, as ninfetas.
Elas estão descobrindo os caras mais jovens
Dias atrás, liguei para uma amiga que vive uma relação com um rapaz mais novo – ela 37, ele 29 anos. Diante da minha curiosidade, ela reagiu com pedras na mão: “Você também vai falar besteira sobre isso?”... Minha amiga se diz cansada dos comentários que escuta sobre o seu casamento. Reclama que muita gente reduz tudo à atração física. Ou assume que ela é espetacularmente imatura para se apaixonar de forma duradoura por um sujeito mais jovem. Não interessa se o rapaz é inteligente, divertido, crítico ou culto. Basta saber que ele é jovem e bonito. O resto as pessoas concluem sozinhas. Ela parece feliz com a própria escolha, mas ficaria melhor se a relação fosse vista com menos preconceito.
Outra amiga – ela 31, ele 26 – me contou uma história mais íntima. “Ele tem menos medo”, ela diz sobre o namorado. Medo de se envolver, medo de assumir a relação, medo de sofrer. Num mundo em que homens maduros se tornaram afetivamente hesitantes, jovens impetuosos, ainda que inexperientes, oferecem um território cheio de possibilidades: eles querem viver tudo, fazer tudo, partilhar tudo, aqui e agora. Minha amiga acha linda essa coragem. Quando ela mesma fica insegura, temendo ser trocada por uma piriguete de 18, o parceiro mostra sensibilidade. “Eu sou moleque, mas não sou moleque”, diz para ela. “Estou com você e ponto”. Acho bonito.
Nos dois casos, pelo que eu entendi, há muita atração física, muita cumplicidade e alguma singularidade da parte de cada um dos envolvidos. Os caras não são típicos da idade deles. Tendem a ser intelectualmente precoces, interessados no mundo do trabalho e das ideias, embora emocionalmente ainda sejam garotos de 20 anos. As duas fazem questão de sublinhar que não estão apaixonadas “apenas” por um rosto e um corpinho bonitos. Os caras são mais jovens do que elas, mas, de alguma forma, preenchem aquele estereótipo masculino de inteligência e competência social. Sem um forte componente de admiração pela personalidade do sujeito, parece que o motor afetivo das mulheres não pega.
Há algo de peculiar também nessas duas garotas: ambas têm temperamento forte. Uma delas me disse claramente que gosta mais de cuidar do que de ser cuidada. Para elas, a maturidade e a segurança de um homem mais velho podem ser trocadas sem susto pela leveza, o entusiasmo e até mesmo a pobreza relativa de um homem mais jovem, que está começando a carreira profissional – uma barganha que nem toda mulher aceitaria, eu acho. Há também reincidência: não é a primeira vez que elas se envolvem com gente mais jovem. As duas já fizeram isso antes, o que revela uma espécie de padrão.
Em primeiro lugar, claro, que ela é totalmente legítima. Se as pessoas estranham ou fazem ironia, problema delas. As mulheres têm direito a escolher o que quiserem e, crescentemente, farão escolhas fora do padrão histórico de “mulher jovem, homem mais velho”, “homem rico, mulher pobre”, “homem poderoso, mulher dependente”. Os motivos delas não interessam, interessa o direito. Não sei se esse tipo de arranjo vai se transformar em tendência, mas me parece óbvio que vai ocorrer com mais frequência. Os homens descobriram há milênios que é gostoso ter parceiras (ou parceiros...) mais jovens. Cedo ou tarde as mulheres também perceberiam.
O preconceito de que a minha amiga reclama não é novo – repete a forma convencional de tratar os casais formados por “coroas e gatinhas”, embora a diferença de idade nas novas relações seja menor. As pessoas assumem uma base exclusivamente erótica para esse tipo de arranjo, mas quem já esteve lá sabe que os jovens trazem para as relações com parceiros mais velhos algo mais do que carne dura e feições intactas.
Elas (e assumo que eles também) têm frescor e entusiasmo. Ainda não carregam a amargura (ou os receios) provocada pelas experiências da vida. Metem a cara, se apaixonam, se divertem. Essas coisas muitas vezes compensam a ausência de qualidades que o tempo ainda não trouxe. Outra coisa importante é que os jovens costumam olhar para o parceiro (ou parceira) mais velha com uma admiração e uma deferência que não se acha em gente da mesma idade. A combinação dessas coisas pode resultar num combo fascinante, mais do que apenas excitante. Se for só sexo não dura um mês.
Ontem eu conversava com um amigo sobre isso e ele fez alguns comentários pessimistas sobre o futuro desse tipo de relação: elas seriam duradouras? Os planos de longo prazo de uma mulher de 30 são compatíveis com os de um cara de 20? Não seria melhor para elas investir num tipo de arranjo em que o tempo não as deixe tão vulneráveis?
As perguntas são boas e não há respostas fáceis para elas.
Diferenças de idades criam impasses existenciais que apenas os envolvidos são capazes de resolver. Ou não. O tempo vai demonstrar o que acontece quando a mulher que hoje tem 30 fizer 40 nos e o cara de 20 chegar aos 30. Eles ainda estarão juntos? Não se sabe. Mas algo é certo: estabilidade e relações duradouras não estão facilmente disponíveis em lugar nenhum. Para homens ou mulheres. Foi-se o tempo em que escolher um homem 10 anos mais velho era garantia de estabilidade para uma mulher chegando aos 30. Vocês têm visto os quarentões por aí? Eles certamente têm mais repertório que os jovens, mas não são emocionalmente o que costumavam ser - e nem me parecem loucos para sossegar.
Encerro com outra pergunta: se os 40 para os homens se tornaram os novos 20, o que haveria de errado para as mulheres de 30 em tentar um cara de 20 anos original? Me digam.
(Ivan Martins- Revista Época)
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