9.27.2011

Câncer de Pulmão: pesquisa revela que pacientes não conhecem o real impacto da doença


84% dos entrevistados afirmam que sabiam pouco ou nada sobre o câncer de pulmão antes de descobrir que sofriam da doença

O paciente com câncer de pulmão mostra-se carente de informações e tem percepções contraditórias sobre esta enfermidade, de acordo com a pesquisa Câncer de Pulmão: a Visão dos Pacientes, encomendada pela Pfizer e realizada pelo Instituto Ipsos, com 201 entrevistados, em seis regiões metropolitanas brasileiras, em 2011. Entre os principais achados da pesquisa, que teve a coordenação do oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês, Artur Katz, 51% dos pacientes afirmam que não sabiam nada sobre a doença e outros 33% dizem que sabiam pouco sobre o tema antes do diagnóstico.

Esse desconhecimento por parte dos pacientes apresenta uma contrariedade: quando questionados sobre fatores relacionados ao câncer de pulmão, eles responderam corretamente sobre o cigarro, que ficou em primeiro lugar, com 90% das menções. Logo em seguida, os participantes da pesquisa confirmam a falta de conhecimento sobre a doença, ao apontarem hereditariedade e fatores genéticos (49%) e, em terceiro lugar, sentimentos negativos como mágoas, tristeza, angústia e aborrecimento (36%). Além disso, 42% concordam que as doenças têm origem na alma. Outros 47% dos entrevistados concordam que não adianta tentar prevenir a doença – se tiver que aparecer, ela aparecerá.


Porém, ao falar sobre os principais fatores de risco para a doença, Katz é enfático: “em 1º lugar está o tabagismo, em 2º o tabagismo e, em 3º, também o tabagismo”. A pesquisa reflete essa realidade, já que 76% dos entrevistados fumavam no momento do diagnóstico ou já haviam fumado em algum momento da vida.


Mesmo assim, 83% dos pacientes não imaginavam que poderiam ter câncer de pulmão – quando questionados de o porquê, em respostas abertas, 25% deles pensavam que isso acontece apenas com os outros; 23% se consideravam pessoas saudáveis e há ainda 10% que nunca havia pensado em ter a doença mesmo sendo fumante. Vale lembrar ainda que, diferentemente de outros tipos de câncer, a hereditariedade não é um fator importante no câncer de pulmão: ”os casos hereditários são raríssimos”, diz o especialista.


Segundo a pesquisa, 83% dos pacientes não têm casos de câncer de pulmão na família. “É mais comum que os hábitos familiares sejam similares, especialmente o de fumar”, complementa o oncologista. Apesar de o cigarro ser um fator importante, ele não é o único a causar câncer no pulmão. Há, por exemplo, uma alteração genética específica (fusão EML4-ALK) que geralmente ocorre em pessoas que não fumam, e está fortemente relacionada ao desenvolvimento de um dos tipos de tumor pulmonar.


Em relação ao diagnóstico, 67% dos pacientes afirmam ter descoberto a doença ainda no início. Porém, apenas 41% respondem ter recebido indicação de cirurgia – método direcionado a pacientes com o tumor em fase inicial. O número diminui ainda mais quando eles contam a quais tratamentos foram submetidos desde o diagnóstico: somente 31% dizem ter passado por cirurgia. A pesquisa mostra ainda que 54% dos pacientes dizem ter recebido o diagnóstico menos de seis meses após os primeiros sintomas da doença e 41% dos entrevistados passaram por três médicos diferentes até descobrir o tumor no pulmão.


“Infelizmente, na maioria das vezes, os pacientes são diagnosticados em fase avançada da doença, quando os sintomas já começam a se manifestar”, explica Katz. Depois de descobrirem que sofrem da doença, os pacientes dizem que gostariam de ter recebido mais esclarecimentos e orientações sobre o tumor, principalmente sobre os malefícios que o cigarro causa à saúde ou sobre como prevenir o câncer de pulmão. “Diariamente, somos expostos a muitas informações que mostram o quanto o tabagismo é prejudicial à saúde e está relacionado ao câncer, principalmente ao de pulmão”, contrapõe
o especialista. Porém, talvez falte abordar ainda mais incisivamente as altas taxas de mortalidade deste tipo de câncer e as dificuldades de diagnóstico e tratamento.

Dividir experiências também pode ser benéfico: na opinião de 70% dos pacientes ouvidos na pesquisa, contar o próprio caso pode ajudar outras pessoas com o mesmo problema. Há ainda a necessidade de um cuidado maior em relação aos hábitos cotidianos e à saúde, já que 34% dos entrevistados afirmavam adiar com frequência as consultas de rotina a médicos e dentistas, além de que menos da metade dos pacientes (39%) faziam exames regularmente antes do diagnóstico do câncer de pulmão.


Sobre a pesquisa

Realizada pelo Instituto Ipsos a pedido da Pfizer, Câncer de Pulmão: A Visão dos Pacientes tem como objetivo conhecer o perfil do paciente que sofre da doença, suas percepções antes e depois do diagnóstico; impacto em seus hábitos e relações pessoais; além de mostrar o nível de conhecimento dos participantes sobre esse tipo de tumor. Foram feitas 201 entrevistas domiciliares com pessoas que tiveram o diagnóstico de câncer iniciado no pulmão, entre 30 e 70 anos de idade das classes A, B e C.

Alimentação equilibrada, abandono do tabagismo e diminuição do consumo de bebidas alcoólicas estão entre as principais mudanças. O câncer de pulmão é uma daquelas doenças que modifica significativamente a vida do paciente. Não à toa, 82% dos entrevistados na pesquisa
Câncer de Pulmão: a Visão dos Pacientes concordam que precisaram adaptar toda a rotina durante a fase de tratamento.

Entre as mudanças, a adoção de uma alimentação correta e a diminuição das saídas com os amigos e consumo de álcool são as mais significativas – assim como o abandono do cigarro. Antes do diagnóstico, 76% dos pacientes fumavam, em média, durante 29 anos, 40 cigarros por dia. Esse índice cai para 6% após a descoberta da doença. “Vale ressaltar que, mesmo depois de a pessoa deixar o vício, os pulmões do tabagista demoram cerca de 15 anos para voltar a condições semelhantes a dos pulmões de não fumantes”, adverte Artur Katz, oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês e coordenador da pesquisa.


Outro hábito modificado foi o consumo de bebida alcóolica, que também diminui: de 65%, somente 15% dos entrevistados mantiveram esse comportamento. As saídas com amigos uma vez por semana era costume para 46% dos pacientes e caiu para apenas 17% (respostas do grupo que concordou totalmente ou em parte com as afirmações). Já em relação à dieta, enquanto 42% se alimentavam de maneira correta, 72% passaram a fazê-lo após o diagnóstico.


Dormir no mesmo horário era hábito para 31% deles, passando a ser adotado por 61% do total de entrevistados. Já em relação ao lazer, o número de pacientes que continuou a reservar espaço na semana para essas atividades caiu de 36% para 22%. Os exercícios ao ar livre são parte da rotina de 19% (antes eram para 24%), enquanto a prática de esportes foi mantida em 15% antes e depois do diagnóstico (respostas do grupo que concordou totalmente ou em parte com as afirmações).


Os pacientes apontam ainda o impacto do tratamento da doença na vida pessoal (56%) e na vida profissional (55%). Em relação à vida afetiva e sexual, 37% concordam que a mesma fica bastante prejudicada. Ainda assim, 45% afirmam que o (a) esposo (a) são acompanhantes nas consultas e procedimentos do tratamento, enquanto 20% são acompanhados pelos filhos. A família, em geral, é bastante importante nesta fase para os pacientes: 96% afirmam que parentes mais próximos os apoiaram o tempo todo, enquanto 45% dizem que puderam contar com a ajuda de amigos em vários momentos. Em relação aos vínculos mais próximos, a ligação com a família foi estreitada: de 75% antes do diagnóstico para 81% após a constatação do câncer de pulmão.


Fonte: Pfizer

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