Entenda os procedimentos quando a doença é descoberta
Quando o urologista detecta um câncer de próstata, o primeiro esforço é saber se o tumor está localizado, avançado ou metastático. Se está situado internamente, recorre-se à cirurgia, à radioterapia externa ou à braquiterapia, que também é uma forma de radioterapia.
Quando o tumor está avançado ou já existem metástases, o médico pode indicar o uso de hormônio e optar por fazer ou não a cirurgia e a radioterapia, dependendo de uma série de fatores.
A primeira opção de tratamento é a cirurgia, feita através de uma incisão no abdome, abaixo do umbigo, pela qual a próstata é removida e com ela o tumor. O doente permanece no hospital por 4 ou 5 dias. A radioterapia externa é realizada através de múltiplas aplicações, uma por dia, de um feixe concentrado de irradiação que incide sobre a próstata.
É um tratamento prolongado, que se estende por seis ou sete semanas, mas um pouco mais simples do que a cirurgia, já que não envolve internação, nem anestesia. E por fim, o terceiro método é a braquiterapia, que consiste na colocação de agulhas na próstata do doente mantido sob leve anestesia, através das quais são inseridas sementes radioativas dentro da glândula.
A cirurgia é a opção de tratamento mais agressiva, pois é uma intervenção complexa. A radioterapia e a braquiterapia são procedimentos mais simples, embora a próstata permaneça no organismo e possa apresentar uma recidiva do tumor, além de manifestações obstrutivas como a hiperplasia benigna.
No caso do tratamento do câncer de próstata neste estado, a cirurgia pode acarretar impotência sexual por lesão dos feixes neurovasculares que passam ao lado da glândula, bem como incontinência urinária nos três primeiros meses. A opção radioterápica não leva à incontinência urinária, mas em alguns casos, pode causar algum déficit sobre a potência sexual.
Quando o tumor está avançado ou já existem metástases, o médico pode indicar o uso de hormônio e optar por fazer ou não a cirurgia e a radioterapia, dependendo de uma série de fatores.
A primeira opção de tratamento é a cirurgia, feita através de uma incisão no abdome, abaixo do umbigo, pela qual a próstata é removida e com ela o tumor. O doente permanece no hospital por 4 ou 5 dias. A radioterapia externa é realizada através de múltiplas aplicações, uma por dia, de um feixe concentrado de irradiação que incide sobre a próstata.
É um tratamento prolongado, que se estende por seis ou sete semanas, mas um pouco mais simples do que a cirurgia, já que não envolve internação, nem anestesia. E por fim, o terceiro método é a braquiterapia, que consiste na colocação de agulhas na próstata do doente mantido sob leve anestesia, através das quais são inseridas sementes radioativas dentro da glândula.
A cirurgia é a opção de tratamento mais agressiva, pois é uma intervenção complexa. A radioterapia e a braquiterapia são procedimentos mais simples, embora a próstata permaneça no organismo e possa apresentar uma recidiva do tumor, além de manifestações obstrutivas como a hiperplasia benigna.
No caso do tratamento do câncer de próstata neste estado, a cirurgia pode acarretar impotência sexual por lesão dos feixes neurovasculares que passam ao lado da glândula, bem como incontinência urinária nos três primeiros meses. A opção radioterápica não leva à incontinência urinária, mas em alguns casos, pode causar algum déficit sobre a potência sexual.
Ricardo Felts de La Roca é urologista e Integrante Titular da Sociedade Brasileira de Urologia,
Para saber mais acesse: www.delarocaurologia.com.br
Saiba mais:
A próstata é uma glândula localizada próximo à bexiga cercando a uretra na sua porção inicial. As secreções prostáticas são o maior componente do líquido seminal (ou esperma).
A origem do CP é desconhecida, entretanto, presume-se que alguns fatores possam influenciar o seu desenvolvimento.
Entre eles, o fator genético, visto a incidência desta neoplasia ser maior em familiares portadores da doença. A presença de CP em parentes do primeiro grau aumenta a probabilidade de diagnóstico desse câncer em 18%. | |
O fator hormonal é bastante importante, pois essa neoplasia regride de maneira significativa com a supressão dos hormônios masculinos (por exemplo, castração). Pesquisas feitas em ratos tratados cronicamente com testosterona mostraram o desenvolvimento do câncer de próstata nesses animais. A testosterona não é indutora de câncer, entretanto, em homens já com a neoplasia ou com predisposição, a testosterona estimularia o seu crescimento. Por outro lado, o CP não ocorre em eunucos. | |
Ultimamente, tem se dado muita atenção ao fator dieta. Dietas ricas em gordura predispõem ao câncer e as ricas em fibras e tomate diminuem o seu aparecimento. Baseados em levantamentos epidemiológicos em áreas geográficas de maior incidência de CP notou-se que dietas ricas em gordura aumentam os riscos de seu aparecimento. Talvez por interferência no metabolismo dos hormônios sexuais, várias outras substâncias estão sob investigação como as vitaminas, o cádmio, o zinco. | |
Doenças venéreas não tem relação com o CP embora o herpesvírus tipo II e o citomegalovírus induzam transformações carcinogenéticas em células embrionárias de hamster (pequeno animal de experimentação). | |
O fator ambiental é alvo, também, de investigação. Populações de baixa incidência de CP, quando migram para áreas de alta incidência, apresentam um aumento na ocorrência de casos. Fumaça de automóveis, cigarro, fertilizantes e outros produtos químicos estão sob suspeita. |
O que se sente?
Nas fases iniciais nada se sente. O tumor somente é detectado em exames clínicos e laboratoriais de rotina que são:
o toque retal e | |
a dosagem do antígeno prostático específico ou PSA. |
Nos casos de CP sintomático, o paciente se queixa de dificuldade para urinar, jato urinário fraco, sensação de não esvaziar bem a bexiga, ou seja, sintomas de obstrução urinária. Sangramento na urina pode ser uma queixa, embora mais rara.
O paciente pode manifestar dores ósseas como sinal de uma doença mais avançada (metástases).
Anemia, perda de peso, adenopatias (ínguas) no pescoço e na região inguinal podem também ser a primeira manifestação da doença.
Como se faz o diagnóstico?
Todo o homem a partir dos 45 anos deve realizar o toque retal e dosagem do PSA, principalmente aqueles com história familiar de CP (e de câncer de mama), independentemente de sintomas. Em caso de toque anormal e ou PSA elevado, o paciente deverá ser submetido a uma ecografia transretal com biópsia prostática. Os fragmentos obtidos serão levados ao exame anátomo-patológico. Uma vez confirmado o diagnóstico, o tumor deverá ser estagiado. Isto significa que exames deverão ser solicitados a fim de que se possa saber se o tumor está confinado à próstata ou se já invadiu órgãos adjacentes (bexiga, vesículas seminais, reto) ou se já enviou metástases. A cintilografia óssea é o exame mais útil nessa fase e nos dá informações quanto à metástases no esqueleto.
Outros exames eventualmente pedidos são: fosfatase alcalina, tomografia computadorizada de abdômen, radiografias de tórax, radiografias do esqueleto.
Como se trata?
O CP pode estar confinado à próstata na forma de um pequeno nódulo, como também pode estar restrito a ela, porém envolvendo toda a glândula. O CP, além de localizado, pode estar comprometendo os limites desse órgão e invadir outros órgãos adjacentes, como as vesículas seminais ou a bexiga. Linfonodos obturadores e ilíacos são, geralmente, o primeiro estágio das metástases para depois ocorrerem metástases ósseas.
Para descrever a extensão do tumor (estadiamento) existem várias classificações (classificação de Whitmore, TNM). Além do fato extensão tumoral, é importante saber que o CP apresenta uma diversificação de células, mais ou menos malignas, que também sofrem um processo de classificação (Classificação de Gleason).
Baseado no estadiamento do tumor e de sua classificação de Gleason é que se escolhe o tipo de tratamento.
Para os tumores localizados dentro da glândula, a prostatectomia radical e a radioterapia são as primeiras opções e consideradas curativas. | |
Os tumores que avançam para fora da próstata, mas sem evidência de metástases, são geralmente tratados com radioterapia. | |
Os tumores metastáticos são paliativamente controlados com hormônios femininos, orquiectomia, drogas anti-androgênicas ou análogos do LHRH. |
O tratamento do CP é muito controverso pois são muitas as variáveis:
idade do paciente | |
níveis do PSA | |
estágio do tumor | |
tipo histológico |
Além disso, deve-se discutir com o paciente as complicações do tratamento.
Tanto a prostatectomia radical quanto a radioterapia podem deixar o paciente impotente bem como incontinente urinário. | |
A hormonioterapia diminui a libido e causa impotência sexual. | |
Deve-se considerar também a idade do paciente na época do diagnóstico e sua expectativa de vida sem a doença. | |
Pacientes muito idosos e com baixa expectativa de vida certamente se beneficiarão com tratamentos menos agressivos. | |
Problemas psicológicos e culturais fazem da orquiectomia (retirada dos testículos) um tratamento indesejado. Outras formas de terapia não têm bons resultados ou estão sob investigação, como é o caso da quimioterapia, terapia genética e fatores do crescimento. |
Qual é o prognóstico?
O prognóstico depende do estádio (extensão) e grau histológico (Gleason), principalmente. Se o CP é localizado e se o paciente realizar uma prostatectomia radical, a sobrevida em 10 anos pode atingir 90%, sendo equivalente à da população normal. O índice de recorrência local após 5 anos é de 10% contra 40% da radioterapia. A radioterapia utilizada no CP localizado ou localmente avançado (fora da próstata mas sem metástases) apresenta biópsias positivas de 60 a 30% dos casos quando realizadas seis meses e dois anos respectivamente após o tratamento.
Nos casos metastáticos, o tratamento é paliativo e o prognóstico bem mais reservado.
ABC Da SAÚDE
MANUEL ALVES FILHO
Um dos ditos populares mais conhecidos entre os brasileiros afirma que conhecer o inimigo é a melhor maneira de começar a derrotá-lo. Pensando em tal adágio e na necessidade de esclarecer a população masculina sobre os vários fatores que envolvem o câncer de próstata, o urologista Ubirajara Ferreira, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, concebeu o livro “Câncer de Próstata – Tire suas dúvidas: 99 respostas e um alerta”. A obra, lançada na Universidade dia 20 de setembro de 2006, pretende dirimir os mitos e incertezas que cercam a doença. A linguagem não podia ser mais simples, em formato de perguntas e respostas (veja algumas nesta página) que tentam esgotar todo o rol de dúvidas, com informações atuais sobre os diversos aspectos da doença, desde a prevenção até os cuidados na fase terminal.
As dúvidas vão
da origem do tumor
até a impotência sexual
A idéia de escrever o livro, conforme o autor, nasceu da constatação de que, para o homem, o câncer de próstata ainda está envolto por uma nuvem de mistério. Em 25 anos de carreira, Ubirajara Ferreira tem deparado cotidianamente com pacientes que manifestam inúmeras dúvidas acerca da doença. Estas envolvem desde a origem do tumor até a questão da possível impotência sexual causada pela enfermidade ou pelo seu tratamento. “Acredito que isso ocorra, primeiramente, porque o câncer de próstata é pouco divulgado para a população em geral. A mídia demonstra interesse reduzido pelo tema e, até onde eu sei, não existiam publicações tratando do assunto que fossem dirigidas, objetivamente, ao público leigo”, analisa.
Além disso, prossegue o professor da FCM, a enfermidade atinge um órgão que está relacionado intimamente com a área sexual do homem. Essa associação, afirma, concorre para a manutenção de alguns mitos ligados à perda da masculinidade. Para tentar esclarecer esses e outros aspectos, Ubirajara Ferreira valeu-se no livro de uma linguagem direta e acessível. Nele, o urologista explica, entre outros pontos, qual é a diferença entre um tumor benigno e um câncer, detalha quais são os atuais métodos terapêuticos e fala sobre a importância da realização de exames que possam detectar o câncer em sua fase inicial. “Quando isso acontece, a probabilidade de cura aumenta muito”, diz.
No que se refere aos exames preventivos, o urologista dedica especial atenção no livro ao toque retal, procedimento que é objeto de muita reserva por parte do público masculino. De acordo com Ubirajara Ferreira, esta ainda é a melhor forma de identificar um possível problema na próstata. “A medicina ainda não conseguiu desenvolver nada melhor do que o tato humano para fazer essa detecção. O que os homens precisam saber é que esse tipo de exame, além de ser importante, é rápido e não causa grande desconforto”. Apesar dessa resistência, o professor considera que a população masculina tem se tornado cada vez mais consciente.
Pesquisa no HC – Para sustentar essa posição, o autor do livro cita um estudo epidemiológico que está sendo conduzido por uma equipe da FCM com pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp e de outros locais, cujo objetivo é avaliar aspectos e percepções do homem antes, durante e após a consulta médica. Entre 200 perfis já traçados, os pesquisadores apuraram que 60% do público analisado procurou atendimento médico por indicação de terceiros e não por conta própria. A mulher, conforme Ubirajara Ferreira, é uma das grandes incentivadoras nesse sentido.
Foi constatado, ainda, que 60% dos pacientes consideraram o toque retal melhor do que imaginavam e que apenas 7% acharam pior do que supunham. O dado mais interessante é que 90% dos homens, que pertencem às variadas classes sociais, declararam que estão dispostos a realizar o procedimento regularmente. “Esses dados comprovam que a boa informação é fundamental para que os homens protejam sua saúde. Na atualidade, o homem pode escolher entre viver ou morrer quando o assunto é câncer de próstata, uma vez que a doença é curável em praticamente todos os casos, desde que identificada precocemente”, alerta Ubirajara Ferreira. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deverá fechar o ano de 2006 contabilizando 47 mil novos casos de câncer de próstata. Trata-se, conforme o Inca, da segunda causa de mortes por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão.
O livro “Câncer de Próstata – Tire suas dúvidas - 99 respostas e um alerta” foi lançado na Unicamp no dia 20 de setembro, às 9h30, no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Uma semana depois, no dia 27, também às 9h30 na FCM, Ubirajara Ferreira ministrou aula como parte do processo para a obtenção do título de professor titular na área de Urologia. Na oportunidade, ele tratou das pesquisas que vem desenvolvendo sobre câncer da próstata nos últimos anos.
Saiba mais:
O que vem a ser a próstata?
A próstata é uma glândula (estrutura que secreta alguma substância) exclusiva do sexo masculino e que se localiza logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra. Ela pesa entre 25 e 30 gramas e tem formato de uma castanha. Sua consistência torna-se endurecida quando apresenta câncer.
Qual a função da próstata?
Ela produz cerca de 70% do líquido seminal, substância fundamental na vitalidade e no transporte dos espermatozóides. Portanto, a próstata representa um papel fundamental na fertilidade masculina.
Qual a relação entre próstata e ereção?
Diretamente, nenhuma. A ereção masculina depende de fatores orgânicos como: secreção normal de testosterona (hormônio masculino), aporte sangüíneo satisfatório e condução adequada de impulsos nervosos. Além disso, é necessária uma boa condição emocional. Na superfície externa da próstata estão situados alguns nervos chamados erigentes, que podem ser lesados por trauma ou ocasião da retirada completa da glândula, nos casos de câncer.
Existe alguma relação entre o câncer de próstata e a propensão familiar?
Sim. Um homem que tenha um parente de primeiro grau com câncer de próstata tem ao redor de duas vezes mais chances de ter a doença. Com dois parentes relacionados, o risco de desenvolver este câncer sobe para quase nove vezes.
Qual a chance de um homem ter câncer de próstata durante a sua vida?
De maneira geral, esta doença acomete cerca de 10% dos homens após os 50 anos. À medida que a idade avança, as chances crescem, chegando a acometer cerca de 50% dos homens aos 75 anos.
A partir de que idade e com que freqüência deve-se efetuar o toque retal?
A partir dos 45 anos é aconselhável a sua realização anual. Caso haja algum caso de câncer de próstata num parente relacionado, aconselha-se o seu início aos 40 anos. Existem alguns dados recentes que tentam identificar, através da dosagem inicial do PSA [sigla em inglês para dosagem do antígeno prostático específico] e seu posterior comportamento ao longo do tempo, quais homens devem ser avaliados de maneira mais cuidadosa. Pacientes com níveis de PSA muito baixos e com toque retal normal podem ser avaliados com intervalos mais longos.
Existe algum exame que substitua o toque retal?
Não. Ainda nenhum exame foi capaz de avaliar, com a mesma eficácia, a consistência da glândula que sua palpação digital. O câncer da próstata pode se apresentar como uma área endurecida na sua porção periférica, região esta facilmente acessível ao toque retal.
Fonte: “Câncer de Próstata – Tire suas dúvidas - 99 respostas e um alerta”.
Câncer de próstata: 99 respostas e um alerta
Um dos ditos populares mais conhecidos entre os brasileiros afirma que conhecer o inimigo é a melhor maneira de começar a derrotá-lo. Pensando em tal adágio e na necessidade de esclarecer a população masculina sobre os vários fatores que envolvem o câncer de próstata, o urologista Ubirajara Ferreira, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, concebeu o livro “Câncer de Próstata – Tire suas dúvidas: 99 respostas e um alerta”. A obra, lançada na Universidade dia 20 de setembro de 2006, pretende dirimir os mitos e incertezas que cercam a doença. A linguagem não podia ser mais simples, em formato de perguntas e respostas (veja algumas nesta página) que tentam esgotar todo o rol de dúvidas, com informações atuais sobre os diversos aspectos da doença, desde a prevenção até os cuidados na fase terminal.
As dúvidas vão
da origem do tumor
até a impotência sexual
A idéia de escrever o livro, conforme o autor, nasceu da constatação de que, para o homem, o câncer de próstata ainda está envolto por uma nuvem de mistério. Em 25 anos de carreira, Ubirajara Ferreira tem deparado cotidianamente com pacientes que manifestam inúmeras dúvidas acerca da doença. Estas envolvem desde a origem do tumor até a questão da possível impotência sexual causada pela enfermidade ou pelo seu tratamento. “Acredito que isso ocorra, primeiramente, porque o câncer de próstata é pouco divulgado para a população em geral. A mídia demonstra interesse reduzido pelo tema e, até onde eu sei, não existiam publicações tratando do assunto que fossem dirigidas, objetivamente, ao público leigo”, analisa.
Além disso, prossegue o professor da FCM, a enfermidade atinge um órgão que está relacionado intimamente com a área sexual do homem. Essa associação, afirma, concorre para a manutenção de alguns mitos ligados à perda da masculinidade. Para tentar esclarecer esses e outros aspectos, Ubirajara Ferreira valeu-se no livro de uma linguagem direta e acessível. Nele, o urologista explica, entre outros pontos, qual é a diferença entre um tumor benigno e um câncer, detalha quais são os atuais métodos terapêuticos e fala sobre a importância da realização de exames que possam detectar o câncer em sua fase inicial. “Quando isso acontece, a probabilidade de cura aumenta muito”, diz.
No que se refere aos exames preventivos, o urologista dedica especial atenção no livro ao toque retal, procedimento que é objeto de muita reserva por parte do público masculino. De acordo com Ubirajara Ferreira, esta ainda é a melhor forma de identificar um possível problema na próstata. “A medicina ainda não conseguiu desenvolver nada melhor do que o tato humano para fazer essa detecção. O que os homens precisam saber é que esse tipo de exame, além de ser importante, é rápido e não causa grande desconforto”. Apesar dessa resistência, o professor considera que a população masculina tem se tornado cada vez mais consciente.
Pesquisa no HC – Para sustentar essa posição, o autor do livro cita um estudo epidemiológico que está sendo conduzido por uma equipe da FCM com pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp e de outros locais, cujo objetivo é avaliar aspectos e percepções do homem antes, durante e após a consulta médica. Entre 200 perfis já traçados, os pesquisadores apuraram que 60% do público analisado procurou atendimento médico por indicação de terceiros e não por conta própria. A mulher, conforme Ubirajara Ferreira, é uma das grandes incentivadoras nesse sentido.
Foi constatado, ainda, que 60% dos pacientes consideraram o toque retal melhor do que imaginavam e que apenas 7% acharam pior do que supunham. O dado mais interessante é que 90% dos homens, que pertencem às variadas classes sociais, declararam que estão dispostos a realizar o procedimento regularmente. “Esses dados comprovam que a boa informação é fundamental para que os homens protejam sua saúde. Na atualidade, o homem pode escolher entre viver ou morrer quando o assunto é câncer de próstata, uma vez que a doença é curável em praticamente todos os casos, desde que identificada precocemente”, alerta Ubirajara Ferreira. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deverá fechar o ano de 2006 contabilizando 47 mil novos casos de câncer de próstata. Trata-se, conforme o Inca, da segunda causa de mortes por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão.
O livro “Câncer de Próstata – Tire suas dúvidas - 99 respostas e um alerta” foi lançado na Unicamp no dia 20 de setembro, às 9h30, no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Uma semana depois, no dia 27, também às 9h30 na FCM, Ubirajara Ferreira ministrou aula como parte do processo para a obtenção do título de professor titular na área de Urologia. Na oportunidade, ele tratou das pesquisas que vem desenvolvendo sobre câncer da próstata nos últimos anos.
Saiba mais:
O que vem a ser a próstata?
A próstata é uma glândula (estrutura que secreta alguma substância) exclusiva do sexo masculino e que se localiza logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra. Ela pesa entre 25 e 30 gramas e tem formato de uma castanha. Sua consistência torna-se endurecida quando apresenta câncer.
Qual a função da próstata?
Ela produz cerca de 70% do líquido seminal, substância fundamental na vitalidade e no transporte dos espermatozóides. Portanto, a próstata representa um papel fundamental na fertilidade masculina.
Qual a relação entre próstata e ereção?
Diretamente, nenhuma. A ereção masculina depende de fatores orgânicos como: secreção normal de testosterona (hormônio masculino), aporte sangüíneo satisfatório e condução adequada de impulsos nervosos. Além disso, é necessária uma boa condição emocional. Na superfície externa da próstata estão situados alguns nervos chamados erigentes, que podem ser lesados por trauma ou ocasião da retirada completa da glândula, nos casos de câncer.
Existe alguma relação entre o câncer de próstata e a propensão familiar?
Sim. Um homem que tenha um parente de primeiro grau com câncer de próstata tem ao redor de duas vezes mais chances de ter a doença. Com dois parentes relacionados, o risco de desenvolver este câncer sobe para quase nove vezes.
Qual a chance de um homem ter câncer de próstata durante a sua vida?
De maneira geral, esta doença acomete cerca de 10% dos homens após os 50 anos. À medida que a idade avança, as chances crescem, chegando a acometer cerca de 50% dos homens aos 75 anos.
A partir de que idade e com que freqüência deve-se efetuar o toque retal?
A partir dos 45 anos é aconselhável a sua realização anual. Caso haja algum caso de câncer de próstata num parente relacionado, aconselha-se o seu início aos 40 anos. Existem alguns dados recentes que tentam identificar, através da dosagem inicial do PSA [sigla em inglês para dosagem do antígeno prostático específico] e seu posterior comportamento ao longo do tempo, quais homens devem ser avaliados de maneira mais cuidadosa. Pacientes com níveis de PSA muito baixos e com toque retal normal podem ser avaliados com intervalos mais longos.
Existe algum exame que substitua o toque retal?
Não. Ainda nenhum exame foi capaz de avaliar, com a mesma eficácia, a consistência da glândula que sua palpação digital. O câncer da próstata pode se apresentar como uma área endurecida na sua porção periférica, região esta facilmente acessível ao toque retal.
Fonte: “Câncer de Próstata – Tire suas dúvidas - 99 respostas e um alerta”.
Fonte "orientaçõesmédicas"
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