A presença de importantes universidades e hospitais atrai as indústrias farmacêuticas para a região de Boston, nos Estados Unidos. E é lá que estão surgindo os mais modernos medicamentos da história da medicina
Rachel Costa, enviada especial a Massachusetts (EUA)CÉREBROS
No Broad Institute, cientistas de Harvard e do MIT trabalham juntos nas pesquisas
A cidade americana de Boston tem papel inconteste na história mundial. De lá partiu o movimento de independência dos Estados Unidos, em 1773, iniciado com a Festa do Chá – movimento contra as altas taxações impostas pela Inglaterra, da qual os EUA eram colônia. Dois séculos mais tarde, entre 1989 e 1991, nos laboratórios do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também localizado no município, foi criada a rede mundial de computadores. Símbolo de mudança, a cidade prepara-se agora para tornar-se referência em outra área: ser uma espécie de berço dos medicamentos de ponta, o lugar mais importante do mundo no que se refere à criação de remédios inovadores. Um passeio pela cidade e municípios vizinhos – como Cambridge, Quincy, Framingham ou Waltham – explica o porquê. A região é repleta de prédios ocupados por cientistas das principais empresas do ramo; Pfizer, Sanofi-Aventis e Novartis são apenas algumas.
Um exemplo recente de um produto gerado no polo é o telaprevir. A droga é indicada para pacientes com hepatite C crônica. Atualmente, as medicações existentes – pegainterferon alfa e ribavarina – não são eficientes para metade dos pacientes. Com o telaprevir, a taxa de sucesso do tratamento subiu para 79%. Outro medicamento que promete marcar a história da medicina, e também vem dos laboratórios da região, é a vacina contra a dengue. Uma das fórmulas candidatas, atualmente em teste em humanos, foi criada na Sanofi Pasteur de Cambridge, braço da multinacional Sanofi-Aventis.
A razão de as gigantes do mercado farmacêutico terem tido tanto interesse nessa área do Estado de Massachusetts está justamente em uma de suas características mais antigas: a grande concentração de mentes geniais. Basta dizer que, além do MIT, ali estão Harvard, primeira universidade americana, fundada em 1636, a Universidade de Tufts e a Universidade de Boston. Calcula-se que, em Boston e Cambridge, a cada quatro moradores, um seja estudante. “Ao ir para a região, a indústria tem acesso imediato aos talentos desenvolvidos nas universidades, além de mão de obra técnica especializada”, disse à ISTOÉ o brasileiro Fábio Thiers, diretor de estudos clínicos do programa de pesquisa do MIT com o Bureau Nacional de Pesquisa Econômica americano (NBER, em inglês). “Boston reúne os elementos necessários para ser um conglomerado na área farmacêutica e de biotecnologia”, falou à ISTOÉ Kenneth Kaitin, diretor do Centro para o Estudo do Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade de Tufts.
Somam-se às cabeças pensantes vultosas quantias oferecidas para o desenvolvimento de trabalhos científicos nas instituições da região. Só por parte do Instituto Nacional de Saúde americano (NIH, em inglês) são mais de US$ 2,5 bilhões por ano, distribuídos entre as universidades e cinco importantes hospitais. “Nosso Estado é o que recebe o maior valor per capita de investimentos do NIH para a pesquisa”, disse à ISTOÉ Angus McQuicken, porta-voz do Massachusetts Life Sciences Center, órgão criado em 2008 para incentivar a evolução científica no Estado. Além da verba federal, o governo estadual criou em 2008 um fundo para investir, num período de dez anos, um montante de US$ 1 bilhão.
Quem controla a saída de recursos é o Massachusetts Life Sciences Center. Os objetivos são ousados. Com a verba, pretende-se não apenas dar incentivos fiscais para as empresas fixarem-se na região como ajudar a construir parcerias entre indústrias e universidades e bancar parte dos investimentos necessários para fazer chegar ao mercado o que é criado em laboratório. Essa é uma das etapas mais caras de desenvolvimento de medicamentos, uma vez que inclui os estudos clínicos (calcula-se que eles representem quase um quinto do valor total da pesquisa).
Entre as empresas farmacêuticas, espera-se que o modelo de Boston dê uma resposta a um dos principais problemas enfrentados pelo setor: os altos custos para criar novos fármacos. Dados do Centro para o Estudo do Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade de Tufts indicam que, em média, gasta-se US$ 1,3 bilhão para gerar uma nova droga. De cada dez remédios, apenas três conseguem cobrir esses custos. Isso tem acendido o sinal vermelho para a área de pesquisas farmacêuticas. Quando os estudos são feitos no modelo de parceria, porém, os gastos podem ser reduzidos a um terço.
Um exemplo recente de um produto gerado no polo é o telaprevir. A droga é indicada para pacientes com hepatite C crônica. Atualmente, as medicações existentes – pegainterferon alfa e ribavarina – não são eficientes para metade dos pacientes. Com o telaprevir, a taxa de sucesso do tratamento subiu para 79%. Outro medicamento que promete marcar a história da medicina, e também vem dos laboratórios da região, é a vacina contra a dengue. Uma das fórmulas candidatas, atualmente em teste em humanos, foi criada na Sanofi Pasteur de Cambridge, braço da multinacional Sanofi-Aventis.
A razão de as gigantes do mercado farmacêutico terem tido tanto interesse nessa área do Estado de Massachusetts está justamente em uma de suas características mais antigas: a grande concentração de mentes geniais. Basta dizer que, além do MIT, ali estão Harvard, primeira universidade americana, fundada em 1636, a Universidade de Tufts e a Universidade de Boston. Calcula-se que, em Boston e Cambridge, a cada quatro moradores, um seja estudante. “Ao ir para a região, a indústria tem acesso imediato aos talentos desenvolvidos nas universidades, além de mão de obra técnica especializada”, disse à ISTOÉ o brasileiro Fábio Thiers, diretor de estudos clínicos do programa de pesquisa do MIT com o Bureau Nacional de Pesquisa Econômica americano (NBER, em inglês). “Boston reúne os elementos necessários para ser um conglomerado na área farmacêutica e de biotecnologia”, falou à ISTOÉ Kenneth Kaitin, diretor do Centro para o Estudo do Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade de Tufts.
Somam-se às cabeças pensantes vultosas quantias oferecidas para o desenvolvimento de trabalhos científicos nas instituições da região. Só por parte do Instituto Nacional de Saúde americano (NIH, em inglês) são mais de US$ 2,5 bilhões por ano, distribuídos entre as universidades e cinco importantes hospitais. “Nosso Estado é o que recebe o maior valor per capita de investimentos do NIH para a pesquisa”, disse à ISTOÉ Angus McQuicken, porta-voz do Massachusetts Life Sciences Center, órgão criado em 2008 para incentivar a evolução científica no Estado. Além da verba federal, o governo estadual criou em 2008 um fundo para investir, num período de dez anos, um montante de US$ 1 bilhão.
Quem controla a saída de recursos é o Massachusetts Life Sciences Center. Os objetivos são ousados. Com a verba, pretende-se não apenas dar incentivos fiscais para as empresas fixarem-se na região como ajudar a construir parcerias entre indústrias e universidades e bancar parte dos investimentos necessários para fazer chegar ao mercado o que é criado em laboratório. Essa é uma das etapas mais caras de desenvolvimento de medicamentos, uma vez que inclui os estudos clínicos (calcula-se que eles representem quase um quinto do valor total da pesquisa).
Entre as empresas farmacêuticas, espera-se que o modelo de Boston dê uma resposta a um dos principais problemas enfrentados pelo setor: os altos custos para criar novos fármacos. Dados do Centro para o Estudo do Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade de Tufts indicam que, em média, gasta-se US$ 1,3 bilhão para gerar uma nova droga. De cada dez remédios, apenas três conseguem cobrir esses custos. Isso tem acendido o sinal vermelho para a área de pesquisas farmacêuticas. Quando os estudos são feitos no modelo de parceria, porém, os gastos podem ser reduzidos a um terço.
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