4.05.2012

Arábia Saudita desiste de enviar mulheres para os Jogos de Londres

Segundo o presidente do Comitê Olímpico Saudita, as atletas poderão participar, a convite do COI, mas não farão parte da delegação oficial

Dalma é linda e é medalha de bronze nos jogos olímpicos da juventude, mas Dalma  é árabe e não poderá disputar as olimpíadas de Londres. As mulheres na Arábia Saudita são consideradas  pessoas de segunda classe e portanto são descriminadas pela religião adotada por esses fanáticos 

A atleta do hipismo, Dalma Malhas, era apontada como um dos nomes da Arábia Saudita para participar da Olimpíada de Londres. Em 2010, ela conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude. (Foto: Duan Zhuoli/ COI)
A Arábia Saudita desistiu de enviar mulheres para os Jogos Olímpicos de Londres. O presidente do Comitê Olímpico Saudita, príncipe Nawaf bin Faisal, declarou que o país não vai selecionar mulheres para competir nos Jogos. Mas acrescentou que não vai impedi-las de participar das competições, caso sejam convidadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). “No momento, nós não vamos endossar a participação de mulheres sauditas nos Jogos Olímpicos ou em outros campeonatos internacionais”, disse Faisal.
Sob pressão internacional, o reino havia concordado em estudar o envio de atletas a Londres. Em março, em uma reunião com representantes do COI, o Comitê Olímpico Saudita apresentou uma lista com nomes em potencial. “O COI está confiante de que a Arábia Saudita está trabalhando para incluir mulheres, atletas e oficiais, nos Jogos Olímpicos de Londres, em acordo com as regras das federações internacionais”, comunicou o COI no dia 18 de março.

Um dos nomes fortes apontados para participar dos Jogos era o da atleta equestre Dalma Rushdi Malhas. Dalma conquistou a medalha de bronze na competição de saltos durante os Jogos Olímpicos da Juventude em 2010, dos quais participou a convite do COI. Sem apoio do Comitê Saudita, suas despesas durante as competições foram custeadas pela própria família.

Faisal ainda acrescentou que, da mesma forma que Dalma, as atletas poderão participar da Olimpíada de Londres, caso convidadas pelo COI, sob a condição de que não violem as regras estabelecidas pela sharia, a lei islâmica. Em 2010, Dalma precisou ser acompanhada por um guardião masculino para ser autorizada a participar dos Jogos.

Atualmente, a Arábia Saudita, o Brunei e o Catar são os únicos países que nunca enviaram atletas para as olimpíadas. O Catar, candidato a sede dos Jogos de 2020, anunciou a nadadora Nada Arkaji e a velocista Noor al-Maliki como suas representantes em Londres. O Brunei afirma que enviará mulheres caso elas alcancem o índice para se classificar para as disputas.

Em fevereiro, a organização de direitos humanos Human’s Rights Watch publicou um relatório criticando a postura saudita em relação à prática de esportes pelas mulheres e pediu o banimento do país dos Jogos deste ano.

Segundo o relatório da ONG, a Arábia Saudita adota uma série de políticas discriminatórias que impendem as mulheres de competir: não há aulas de educação física para as alunas nos colégios sauditas, o governo oferece apoio apenas a clubes exclusivamente masculinos e não inclui as mulheres em seus programas olímpicos. De acordo com a organização, tais atitudes violam os princípios do movimento olímpico, o que justifica o banimento do país da próxima edição dos Jogos: “Enquanto o mundo se prepara para a Olimpíada de 2012, o governo saudita sistematicamente exclui as mulheres da prática de esportes e educação física, jamais tendo enviado uma mulher aos Jogos, sem que nenhuma penalidade tenha sido aplicada pelas autoridades olímpicas internacionais”, diz o relatório da Human Rights Watch.
ÉPOCA na Olimpíada de Londres (Foto: ÉPOCA)

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