saúde & bem estar
Esse
é o desafio da atriz Suzy Rêgo e de 65 milhões de brasileiros que estão
acima do peso. A Anvisa proibiu a venda de inibidores de
apetite. Como melhorar a alimentação e a atividade física para enfrentar
os novos tempos
Cristiane Segatto, com Teresa Perosa e Bruno Segadilha
SUZY RÊGO, atriz, 44 anos, foi miss e modelo. Com 80 kg, veste manequim 46 e desfila roupas tamanho GG
Aos 17 anos, a modelo Suzy Rêgo perdeu a coroa de Miss Brasil por 1 ponto. Foi em 1984. O segundo lugar foi suficiente para que ela se destacasse da multidão. No auge da forma (1,73 metro e 57 quilos), posou para a Playboy e deu os primeiros passos como atriz. Hoje, aos 44 anos, o desafio de Suzy é o mesmo de 65 milhões de brasileiros: ela precisa emagrecer, como 48% da população adulta que, segundo o Ministério da Saúde, está acima do peso. Suzy chegou a pesar 104 quilos durante a gravidez dos gêmeos Marco e Massimo, que completam 2 anos neste mês. Agora, com 80 quilos, interpreta Duda Aguiar, uma atriz que vive em luta contra a balança na novela Morde & assopra, da TV Globo. Voltou às passarelas graças ao manequim 46. Aceita convites para desfilar como modelo GG, mas acredita que essa é só uma fase. “Assim que a novela terminar, quero voltar ao manequim 42”, diz. Basta querer?
Todos conhecem a receita básica do emagrecimento: alimentação saudável, atividade física e, em muitos casos, remédios. Mas essa estratégia pode estar com os dias contados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende proibir no Brasil a venda de inibidores de apetite. A discussão entre as entidades médicas e as autoridades sanitárias se estende há seis meses. A decisão deverá ser anunciada nas próximas semanas.
No centro da polêmica está a substância sibutramina, cuja marca mais famosa é o Reductil. A droga atua no cérebro e aumenta a sensação de saciedade. É a principal escolha dos médicos que prescrevem remédios contra a obesidade. O tratamento é barato (R$ 20 por mês), mas incerto. Alguns pacientes não emagrecem nada. Outros podem perder mais de 20 quilos.
A justificativa da Anvisa a favor da proibição é um estudo de seis anos realizado pelo próprio fabricante (o laboratório Abbott) com 10 mil pacientes, a pedido da Agência Europeia de Medicamentos (Emea). Foram incluídos apenas obesos acima de 55 anos, com diabetes e histórico de problemas cardiovasculares. No grupo que recebeu placebo (comprimidos sem efeito), o índice de infarto, AVC ou outros problemas cardiovasculares foi de 10%. No grupo que tomou sibutramina, o índice foi de 11,6%. Ou seja: o risco aumentou 16%. Nenhuma morte foi registrada.
SILVANA BONFIGLIOLI, 47 anos
A enfermeira chegou aos 110 kg e à obesidade mórbida. Com sibutramina e reeducação alimentar, emagreceu cerca de 60 kg. Parou de tomar o remédio porque sentia taquicardia. Hoje controla o peso com exercícios e injeções de um remédio contra o diabetes
Embora o estudo tenha sido realizado com um grupo de alto risco, as autoridades europeias estenderam as conclusões para a população geral e proibiram a venda do remédio em janeiro de 2010. A Abbott também foi pressionada pela agência americana FDA e decidiu retirar a droga dos Estados Unidos. O mesmo ocorreu no Brasil no final de 2010, mas a sibutramina continuou disponível na forma de produtos genéricos ou similares.
Agora, além deles, a Anvisa pretende banir outros inibidores de apetite conhecidos pelo nome de “anorexígenos anfetamínicos”. São substâncias como anfepramona, femproporex e mazindol. Elas podem causar dependência e já não são vendidas na Europa e nos Estados Unidos. Restaria nas farmácias apenas o orlistat, conhecido pela marca Xenical. Ele não atua no cérebro e tem um efeito emagrecedor menor.
“Todo mundo quer saber o que, afinal, pode ser usado sem risco”, diz Suzy. Como ela, milhões de pessoas que caminham para a obesidade ou se tornaram obesas se sentem desamparadas. Não sabem em quem acreditar nem qual é a melhor estratégia a seguir neste momento. Suzy diz que tomou sibutramina e fórmulas com anfetamínicos em vários momentos da carreira. “Sempre me dei bem com os remédios porque fazia tudo com acompanhamento médico e nutricional”, afirma. “Eles são um recurso importante, mas não podem ser o único.” O peso dela sempre oscilou. A atriz diz que perder os quilos extras ficou mais difícil nos últimos três anos. “Comecei a engordar por desleixo. Depois fiz tratamento com hormônios para engravidar e engordei mais 10 quilos.”
Para recuperar a boa forma, ela quer voltar a fazer caminhadas e Pilates. Também pretende reequilibrar a alimentação com a ajuda de uma nutricionista. “Meu ponto fraco é a cerveja. Troco qualquer refeição por ela”, diz. Quando uma pessoa passa longos períodos sem comer adequadamente, o funcionamento do organismo muda para se adequar à falta de nutrientes. É por isso que quem faz dietas muito restritivas tende a engordar no longo prazo. “Como modelo, passava fome. Tomava litros de água, ia dormir sem comer, desmaiava nos lugares”, afirma. “Quando deixei a carreira, desencanei.” Engordava, tomava remédio, emagrecia. Parava de tomar, engordava de novo. Essas oscilações de peso são parte de um fenômeno bem conhecido pela ciência.
DÉBORA OGUSO, 41 anos
A artesã emagreceu 10 kg com sibutramina, mas não gostou dos efeitos colaterais. Decidiu parar. Há dois anos controlando o peso só com alimentação saudável e exercícios, está feliz
Durante a Segunda Guerra Mundial, o pesquisador Ancel Keys, da Universidade de Minnesota, realizou um experimento que se tornaria um clássico. Pretendia responder a uma questão simples: o que aconteceria se homens jovens e saudáveis perdessem muito peso em pouco tempo? Keys selecionou 36 rapazes de peso normal e saúde perfeita, na idade do serviço militar. Quando a dieta começou, eles passaram a comer metade das calorias que ingeriam normalmente. Além disso, caminhavam 35 quilômetros por semana. Em seis meses, haviam perdido 25% do peso. Liberados da dieta, passaram os três meses seguintes comendo alucinadamente. Recuperaram todo o peso perdido ou ficaram gordos. Durante a dieta, os rapazes ficaram obcecados pelo tema “comida”. Não pensavam em outra coisa. Keys observou que eles perderam o interesse até mesmo por sexo. Um dos voluntários foi encontrado vasculhando uma lata de lixo. Os garotos, que antes da experiência eram emocionalmente saudáveis, começaram a sofrer de depressão e irritabilidade. O metabolismo deles passou a funcionar lentamente. A temperatura corporal despencou, a frequência cardíaca idem. Em suma: o corpo fazia de tudo para conservar as calorias disponíveis.
Quando a dieta chegou ao fim, os rapazes estavam encrencados. As refeições habituais deixaram de ser suficientes. Ingeriam alimentos muito mais calóricos e, ainda assim, se diziam insatisfeitos. Apenas uma hora depois de ter feito uma refeição de 5.000 calorias, começavam a beliscar. Alguns passaram a consumir 10.000 calorias por dia.
Nas décadas seguintes, os cientistas perceberam que é exatamente isso o que acontece com os obesos que perdem muito peso de repente. O emagrecimento só é duradouro se for gradativo e acompanhado de reeducação alimentar. Caso não possam mais tomar remédios para emagrecer, é fundamental que os gordinhos e os obesos redobrem a atenção sobre o que colocam no prato.
Nas primeiras semanas sem a sibutramina, a tendência é que a pessoa volte a ganhar peso rapidamente (leia o quadro abaixo sobre as estratégias para cada perfil de obeso) . O remédio estimula a saciedade. Sem esse freio, as porções que anteriormente pareciam adequadas se tornam insuficientes. Pode parecer um disparate, mas para emagrecer (e manter o peso desejado) é preciso comer. Ao compor a dieta, é importante não cortar nenhum nutriente, nem mesmo a gordura. “Gordura só engorda, assim como qualquer outro nutriente, se for consumida em excesso”, diz a nutricionista Fernanda Pisciolaro, coordenadora de nutrição clínica do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Não dá para tentar cortar toda a gordura. A comida fica horrorosa e a pessoa acaba comendo mais para compensar”, diz. Estudos recentes demonstraram que a gordura está relacionada à saciedade de longo prazo. Quanto menor a quantidade de gordura na refeição, mais propensa a pessoa fica aos ataques à geladeira. Para combater a obesidade, mais importante do que seguir uma dieta específica é mudar a relação com a comida. “Precisamos retomar aquilo que nossas avós reconheciam como comida normal: arroz, feijão, bife, salada”, diz a nutricionista. O problema é que as comidas de fim de semana – como feijoada, virado à paulista e lasanha – viraram comida de todos os dias.
ANTÔNIO RAYA, 60 anos
O representante gráfico mede 1,89 metro e pesa 138 kg. Fez dez dietas. Nove com remédios. Com sibutramina, emagreceu mais de 30 kg. Quando para de tomar o remédio, volta a engordar. Ele acha o remédio necessário
No longo prazo, os itens que consumimos diariamente, quase sempre sem refletir, moldam nosso estado de saúde. Todo alimento é fonte de calorias, mas alguns têm propriedades que ajudam a engordar ou emagrecer. Alimentos ricos em fibras (grãos integrais e frutas com casca) fazem a pessoa se sentir satisfeita por mais tempo. Com isso, ela não ataca o primeiro pacote de bolacha que vê.
Se a mudança for consistente e ocorrer na direção certa, ela é capaz de livrar o gordinho dos remédios para emagrecer? A história da artesã Débora Oguso, de 41 anos, faz crer que sim. A predileção por frituras fez o peso dela chegar aos 75 quilos. É mais do que o ideal para uma mulher de 1,60 metro. “Meu marido trazia frutas e verduras para casa, mas o que eu queria mesmo eram uns bifes empanados.” Resolveu entrar na linha quando um amigo abusou da sinceridade: “Por que você faz academia se está sempre gorda?”. Só assim percebeu que se esmerar nos exercícios não adiantaria nada se continuasse ingerindo mais calorias do que gastava. Cansada das roupas apertadas e assustada com os níveis elevados de colesterol e triglicérides, procurou um médico e começou a tomar sibutramina. Em um ano, emagreceu 10 quilos. Apesar disso, ela ficava com a boca seca e perdeu um pouco do paladar. Passava o dia sem comer porque não sentia fome alguma. Débora achou que aquilo não era saudável – e parou com o remédio. Engordou e voltou a tomá-lo. Assim entrou no “efeito sanfona”: engordava, emagrecia, engordava, emagrecia. Quando o ponteiro da balança marcou 70 quilos, resolveu procurar uma nutricionista para adotar uma dieta de emagrecimento saudável e sem inibidores de apetite.
Nas primeiras semanas sem o remédio, Débora sentiu fome e fraqueza, mas resistiu. Às pessoas que vão passar pelo mesmo processo caso os remédios saiam do mercado, ela recomenda determinação: “Tudo na vida é hábito, um costume que você adquire. Alimentação regrada não é diferente”. Há dois anos controlando o peso só com dieta e exercícios, Débora está feliz. Diz que a disposição e a saúde melhoraram quando passou a ir à academia quatro vezes por semana. Antes, só caminhava na esteira e participava das aulas aeróbicas. Por orientação da nutricionista, passou a fazer musculação para aumentar a massa magra de seu corpo. Ela trocou gordura por músculos. No momento, pesa 68 quilos.
A mudança de atitude não é fácil, mas é cada vez mais urgente. “Muitos pacientes querem uma solução mágica. Tomam o remédio e não fazem todo o resto. Se os remédios saírem do mercado, vão ter de fazer dieta e exercícios para valer”, diz o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O professor de educação física Marcio Atalla, colunista de ÉPOCA, preparou algumas sugestões para os obesos sedentários e os mais ativos (leia reportagem) . “Os sedentários devem começar a praticar 30 minutos de atividades aeróbicas (como caminhada acelerada, ciclismo e natação) , cinco vezes por semana”, diz. Outra dica é praticar exercícios de força (como ginástica localizada, musculação ou Pilates) durante 15 minutos, duas vezes por semana. Uma forma de aumentar o gasto calórico é investir nas atividades físicas do cotidiano, como trocar o elevador pela escada. “Subir três andares equivale a uma caminhada de dez minutos.”
A obesidade é uma doença complexa, determinada por razões sociais, econômicas, biológicas e culturais. À medida que a pessoa sai do sobrepeso e caminha para a obesidade mórbida, a saúde fica cada vez mais comprometida. A obesidade representa hoje um dos maiores desafios de saúde pública porque aumenta o risco de males como diabetes, infarto, AVC e câncer. Não é razoável imaginar que um obeso grave, com articulações comprometidas e joelhos sobrecarregados, possa sair correndo no parque se estiver motivado. “É um tremendo preconceito achar que o obeso não emagrece porque não tem vergonha na cara”, diz o endocrinologista Walmir Coutinho, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). “A retirada dos remédios do mercado vai prejudicar principalmente os mais pobres.” Coutinho argumenta que os obesos sem recursos ficarão 12 anos sem acesso a alguma opção farmacológica: dois anos para uma das quatro drogas em processo de avaliação pelas autoridades americanas chegar ao mercado e mais dez anos para que a patente delas seja quebrada e os remédios fiquem baratos.
Remédios para emagrecer têm prós e contras. É o que demonstra a história da enfermeira Silvana Bonfiglioli, de 47 anos. Ela mede 1,58 metro e chegou a pesar 110 quilos. O rápido ganho de peso que a levou à obesidade mórbida foi atribuído ao tratamento da depressão. Um dos efeitos colaterais do antidepressivo que ela toma é o aumento do apetite. Para frear a obesidade, começou a se tratar com sibutramina em 1999. Com o remédio e reeducação alimentar, emagreceu cerca de 60 quilos. “A adaptação a todos esses inibidores de apetite é dura. Nos três primeiros meses, sentia vontade de chorar, insônia e taquicardia”, diz. Silvana tomou sibutramina durante dez anos. Chegou a pesar 49 quilos. “Mudou tudo. Minha autoestima ficou lá em cima quando entrei numa calça tamanho 38”, afirma ela. “Hoje como pouco e fico feliz, mas às vezes dou preferência a um doce em vez de almoçar.” Bem mais leve, pratica musculação e anda na esteira com o auxílio de um personal trainer. Pensa em investir em atividades alternativas, como Pilates ou luta. Ela deixou de tomar sibutramina há cerca de dois anos porque a taquicardia começou a piorar. Sem o remédio, engordou 10 quilos. Com 60 quilos, procurou o endocrinologista em busca de uma alternativa. Ele receitou Victoza, um remédio usado para controlar o diabetes que também reduz o apetite. Há três inconvenientes: ele é administrado por meio de injeções diárias no abdome ou no braço. O segundo problema é o preço: Silvana gasta cerca de R$ 390 por mês. O terceiro são os efeitos colaterais. “São muito piores que os da sibutramina. Estou tomando há um mês e sinto muito enjoo”, diz. Segundo ela, o remédio tira toda a vontade de comer doce, mas ela não sabe se vale a pena continuar. “A intenção da Anvisa de proibir os inibidores de apetite é cruel porque vai deixar muitos obesos sem opção”, afirma. “Sem o remédio, muita gente não consegue emagrecer.”
Esse é um ponto da discussão que não pode ser desprezado. “No grupo de pacientes com grau de obesidade que varia de leve a mórbida, 70% não emagrecem sem remédio. Podem até emagrecer por um tempo, com exercícios ou dietas, mas vão recuperar o peso”, diz o endocrinologista Alfredo Halpern, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Os especialistas temem que a proibição dos inibidores de apetite provoque no Brasil um fenômeno que começa a ser observado nos Estados Unidos e na Europa: aumento da quantidade de cirurgias de redução de estômago. E também a explosão das vendas de remédios que não são aprovados para tratar obesidade, mas que têm a perda de peso entre os efeitos colaterais. É o caso do anticonvulsivante topiramato e do antidepressivo bupropiona. Outra tendência que começa a ser observada é a adoção de fitoterápicos sem comprovação científica de eficácia.
Por outro lado, muitos cardiologistas não enxergam razão científica para manter a sibutramina no mercado. “Para a grande maioria dos pacientes, não compensa tomar o remédio. A perda de peso é discreta e não há garantia que prevenirá infartos e derrames a longo prazo”, diz Raul Dias Santos Filho, do Instituto do Coração (InCor). “Precisamos urgentemente de medicamentos eficazes e seguros para ajudar a tratar a epidemia de obesidade.” As quatro drogas em processo de avaliação pela agência de controle americana, a FDA, devem demorar ao menos dois anos para chegar ao mercado.
Durante esse intervalo, como ficariam as pessoas que não enxergam a possibilidade de emagrecer sem remédio? O representante gráfico Antônio Raya, de 60 anos, mede 1,89 metro e pesa 138 quilos. Raya é um veterano no mundo das dietas. Fez dez. Nove delas com remédio. Sem remédio, levou três meses para emagrecer 1,5 quilo. Na primeira vez em que tomou sibutramina, emagreceu mais de 30 quilos no mesmo tempo. Quando para de tomar o remédio, no entanto, diz sentir uma fome insana. “É como se tivesse um leão dentro de mim. Como para encher um latão, não para me alimentar”, afirma.
Raya diz que não consegue fazer dieta sem tomar remédio. “A seco, simplesmente não dá. Um cara do meu tamanho vai ficar na saladinha? Nem pensar. Sem remédio, perco a vontade de fazer dieta”, diz. Raya reconhece que come demais. Adora restaurantes do tipo “coma o que puder”. Exercícios, nem pensar. “Fico cansado só de ver gente correndo.”
Segundo ele, os efeitos indesejados da sibutramina são visíveis. Diz ficar irritado por qualquer coisa quando toma o remédio. Apesar disso, acredita que os medicamentos para emagrecer são um grande aliado para obesos com o perfil dele. Ou seja: aqueles milhões de pessoas que não vão aderir a um programa de atividade física nem adotar uma dieta eficaz. Raya não teme ficar sem opção caso a Anvisa proíba os inibidores de apetite. “No mercado negro sempre vai existir alguma opção. Se o Brasil fosse sério e as leis valessem alguma coisa, não seria tão fácil comprar remédios proibidos.” A expansão do mercado negro de drogas para emagrecer é uma grande preocupação. Outra são os efeitos colaterais de remédios aprovados para outros fins. O anticonvulsivante topiramato provoca sonolência, formigamento e dificuldades de memória. “Vou receitar esse remédio aos pacientes obesos”, diz Halpern. “Ou queremos chegar ao nível de estupidez que estamos vendo nos Estados Unidos? Eles não aprovam remédios para obesidade, mas permitem banda gástrica (um tipo de restrição do volume do estômago) para indivíduos com obesidade leve. A banda também pode provocar complicações.”
Médicos e pacientes terão de avaliar se vale a pena enfrentar efeitos colaterais para tentar conter o avanço da obesidade, uma doença grave que pode desencadear outras ainda piores. Uma coisa é certa: as pessoas que têm sobrepeso e ainda não chegaram ao nível de obesidade podem emagrecer com dieta e atividade física. Não se justifica o uso de remédios para emagrecer nesses casos. Há soluções mais simples, eficazes, seguras e duradouras. Que funcionam.
Fonte:
Mariana Del Bosco, nutricionista e membro da Associação Brasileira para
o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)
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