1.09.2014

PROTEÇÃO SOLAR

Os 7 erros do protetor solar

Dermatologista cita os principais equívocos na hora de escolher e de usar o filtro

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Filtro solar: passar o produto só na praia ou na piscina é um erro comum
Para você que é daqueles que passa qualquer filtro solar, direto sob o sol, sem se preocupar em reaplicar o produto depois de entrar na água, um aviso: sua pele está em risco. O resultado pode levar anos para aparecer, mas, acredite, ele aparece.
Na última década, os médicos – e especial os dermatologistas – têm batido insistentemente nessa tecla e o resultado de tantas campanhas de conscientização sobre os efeitos nocivos do excesso de sol à pele ainda não surtiu o efeito desejado.
“É impressionante a quantidade de gente que ainda não usa ou usa errado o protetor solar”, diz a dermatologista Daniela Landim, de São Paulo.
Para esclarecer os incautos, a especialista listou ao iG os sete erros mais comuns na hora de passar o protetor solar. Confira.
1. Usar filtro solar só na praia ou na piscina: “Tem de passar todos os dias, pela manhã, especialmente nas áreas que ficam mais expostas, como rosto, pescoço, colo, e braços” insiste a médica. Segundo ela, não tem problema algum passar o protetor solar e colocar a maquiagem por cima. “É tudo uma questão de escolher os produtos certos para o seu tipo de pele”.
2. Usar protetor solar para o outro tipo de pele: Quem faz isso está sujeito a problemas como ressecamento, espinhas e cravos. Portanto, é preciso prestar atenção ao veículo que carrega as substâncias químicas que atuam na pele protegendo-a do sol. “Pele seca pede cremes e loções. Quem tem pele oleosa deve-se usar o filtro em forma de gel e loções oil-free. Já as peles normais ou mistas se adaptam bem aos fluidos, geis-creme e loções oil-free”, ensina a especialista.
3. Não reaplicar a proteção solar periodicamente, enquanto está exposto ao sol: “O filtro solar deve ser novamente aplicado depois de entrar na água ou de se expor ao sol por mais de duas horas”, diz a dermatologista. Ela esclarece uma dúvida comum entre os consumidores: fator de proteção solar 100 oferece a mesma proteção que o 30. “A diferença está no tempo que você pode ficar exposto, ou seja, você pode ficar mais tempo sob o sol do que poderia ficar com o FPS30”.
4. Passar o protetor já estando sob o sol: “Deve-se aplicar o filtro solar de 15 a 30 minutos antes da exposição, para que a pele absorva o produto e para que se tenha o efeito químico de proteção desejado”. E se esqueceu de passar e já está a caminho da praia ou da piscina? Hoje existem produtos de ação imediata, informa a especialista, mas mesmo assim o ideal é passar esses produtos na sombra, um pouco antes de ir para o sol.
5. Usar apenas maquiagem com filtro solar: É um erro muito comum, pois hoje em dia a maior parte dos produtos de beleza vem com filtro solar. O problema, explica a médica, é que a maquiagem nem sempre cobre toda a extensão da área que precisa ser protegida. “No intuito de realçar algumas áreas e esconder outras, a maquiagem nunca cobre o rosto todo e algumas áreas ficam expostas ao sol”.

6. Usar protetor solar vencido: Quem quer lançar mão daquele restinho de filtro solar que sobrou no armário do banheiro desde as últimas férias precisa ficar atento ao prazo de validade do produto. “Além de oferecer uma proteção falha ou totalmente ineficaz, filtro solar vencido pode gerar desde o aparecimento de irritações na pele e até uma forte reação alérgica”, diz Daniela.
7. Praticar esportes sem protetor específico para isso: sim, quem sua muito durante a prática de esportes precisa usar bloqueador solar contendo dióxido de titânio e óxido de zinco. “Essas substâncias formam uma espécie de filme, uma barreira física além da barreira química normalmente fornecida pelo filtro normal”, explica a médica. Quem usa filtro solar comum ao praticar esportes, acaba perdendo toda a proteção junto com o suor que escorre da pele.

Filtro solar que protege e trata


Produtos evoluem e agora também previnem ação de radicais livres






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Filtro solar evita o envelhecimento precoce
Filtro solar é item obrigatório. Os dermatologistas são unânimes e recomendam o uso diário do protetor como a melhor forma de evitar o envelhecimento precoce e o câncer de pele. De olho nessas preocupações, a indústria reage. Já é possível encontrar no mercado produtos desenvolvidos com tecnologia de ponta que aliam a proteção biológica com ativos antienvelhecimento – além de protegerem a pele física e quimicamente dos efeitos dos raios UVA e UVB, eles também combatem a formação de radicais livres e preservam o colágeno, substância responsável pelo viço e firmeza.
A linha Ansolar, da Stiefel, com FPS 30, 60 ou 70, traz na fórmula uma combinação de agentes antioxidantes, entre eles o Alistin, que previne a ação de radicais livres. Disponível em diferentes apresentações, a versão gel-creme merece destaque por vir em cápsulas individuais para aplicação tópica. Entre os lançamentos para o verão 2011, a La Roche-Posay apresenta o Anthelios XL Fluide Mexoplex. Com FPS 60, a ação antioxidante é reforçada por ingredientes como a água termal e Senna Alata – uma planta tropical que desenvolveu um sistema de autodefesa por viver em ambiente ensolarado. Mais novidade: a linha da Eucerin, lançada no Brasil pelo Aché Laboratórios, tem tecnologia 3D. Os produtos oferecem proteção física, química e biológica e contam com Licochalcona A na fórmula, poderoso agente antienvelhecimento.
Mas como escolher o protetor solar ideal? A Dra. Mariane Shono, da Clínica de Dermatologia do Dr. Nuno Osório, dá algumas dicas. Segundo ela, devem ser considerados fatores como: tipo de pele, área a ser aplicado (rosto ou corpo), objetivo (uso diário ou para prática de esportes), e a possível existência de doenças de pele, que são agravadas ou desencadeadas pela luz solar. Nesse caso, o fator deve ser maior. 

Adriana Leite, dermatologista e colunista do Delas, recomenda o uso do filtro solar 30 diariamente. Na praia, o cuidado deve ser redobrado. Quanto mais clara e sensível for a pele, maior deve ser a potência do produto. A dermatologista Adriana Vilarinho frisa: “O ideal são os que têm ação UVA/UVB e que façam ação de bloqueadores também”. É que os protetores atuam de duas maneiras: com filtros químicos e físicos, esse último tipo possui partículas opacas na composição que formam uma barreira física para bloquear os raios solares. 

Para aqueles que reclamam do aspecto esbranquiçado que os protetores deixam na pele, a doutora aconselha as versões tonalizadas, que colorem suavemente e podem ser enriquecidos com vitaminas.
Siga essas dicas:
- O correto é aplicar 2 miligramas (uma colher de chá) de filtro solar por centímetro quadrado de corpo. Calcula-se que, para uma pessoa de porte médio, são necessárias nove porções de filtro distribuídas pelo corpo. Aplique uma porção em cada uma das seguintes regiões: face e pescoço, barriga e peito, braço e ombro direto, braço e ombro esquerdo e costas. Duas porções para perna e pé esquerdo, e a mesma quantidade para perna e pé direito.
- Protetores “resiste à água” e “à prova d’água”? O produto “resistente à água” é capaz de resistir a 40 minutos de imersão em água, enquanto os à prova d’água resistem a 80 minutos de imersão em água. Isso significa que o FPS do produto se mantém inalterado por esses períodos de imersão em água ou atividade física moderada.
- Fique de olho na embalagem, pois os bons protetores levam o selo da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Prefira um produto resistente à água e confira se ele protege também contra os raios UVA. O fator de proteção UVA deve ser um terço da proteção UVB (aquele que vem gravado na embalagem), por exemplo: um protetor solar 30 deve ter fator de proteção 10, pelo menos. Por isso, leia o rótulo com atenção.
- O FPS alto (maior do que 50) é indicado para pessoas com dermatoses desencadeadas pelo sol e para pessoas que se submeteram a algum procedimento mais agressivo, como peeling, laser ou uso de ácidos na pele. Crianças também precisam de um alto nível de proteção, para isso, utilize protetor solar a partir de FPS 40 e complemente com outros recursos, como bonés e camisetas.
- Na praia, aplique o protetor solar de 15 minutos a 30 minutos antes da exposição solar. Reaplique a cada duas horas ou após transpiração excessiva ou mergulho na água.
- Os sprays são indicados para pessoas que sentem dificuldade na aplicação em áreas de difícil acesso, como costas, por exemplo.

Protetor solar na gravidez: tem risco?


Pesquisa sugere que algumas substâncias do produto são absorvidas pelo organismo e expelidas no leite materno





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Uso de protetor solar na gestação pode acumular substâncias químicas no organismo da mulher
Um recente estudo publicado por pesquisadores suíços confirma uma suspeita antiga dos médicos: substâncias presentes em alguns tipos de protetores solares são absorvidas pelo organismo e excretadas no leite materno. Como tais substâncias podem permanecer armazenadas na gordura do corpo durante semanas, especialistas sugerem evitar seu uso desde a gestação.
A descoberta revela que bebês estão sendo expostos a composições químicas com potencial tóxico. “Cérebro, órgãos sexuais, pulmões e inúmeras glândulas estão em formação nestas crianças, ainda muito novas. Não se sabe o que essa contaminação pode causar”, alerta o cosmetologista Maurício Pupo, consultor em desenvolvimento cosmético.
A taxa de contaminação das lactantes não é pequena. No estudo suíço, realizado com 54 mulheres na Universidade de Zurique, 85,2% das amostras de leite materno tinham algum resquício de protetor solar.
“O que chamamos de protetor solar é, na verdade, uma combinação de 20 a 30 substâncias químicas diferentes na formulação. Algumas requerem atenção”, adverte o especialista.
Existem três substâncias que são particularmente problemáticas: 4-metilbenzilideno cânfora (4-MBC), 3-benzilideno cânfora (3-BC) e octocrileno (OC). Elas são chamadas de poluentes orgânicos persistentes (POPs), que podem permanecer acumulados nos tecidos gordurosos de organismos vivos, dentre eles os seres humanos.
“Essas substâncias estão presentes em cerca de 30% dos protetores comercializados no País”, afirma Pupo. E como os protetores são produtos cosméticos, na classificação da Anvisa, todos podem ser vendidos livremente, sem qualquer receita.
Danos à reprodução
O cosmetologista cita estudos mais antigos, nos quais ficou comprovado que as substâncias 4-MBC e 3-BC afetam o sistema reprodutor de animais. “Elas podem desequilibrar o comportamento sexual feminino, alterar o tamanho da próstata e causar alguns desequilíbrios endocrinológicos”, aponta o especialista. “Em ratos, o crescimento ficou mais lento e a puberdade, postergada”, acrescenta.
Isso acontece, explica Pupo, porque os POPs agem sobre os mesmos receptores do estrógeno, o hormônio feminino. “O organismo pode se confundir”, afirma.
Estes efeitos danosos foram comprovados em animais, não em humanos. “Os protetores são amplamente usados no Brasil e não há relatos de complicações por seu uso”, pondera o dermatologista Sérgio Schalka, tesoureiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD-SP).
Como prevenir
Na dúvida, o cosmetologista recomenda evitar os protetores com as substâncias suspeitas. “Sei que os nomes são complicados para decorar, mas pessoas alérgicas são obrigadas a andar com listas enormes de substâncias que não podem usar”, comenta Pupo.
Ele recomenda algo parecido às grávidas e lactantes. “Anote o nome das substâncias e solicite ao farmacêutico um protetor solar livre delas”, orienta.
Quanto usar
Tendo em mãos um protetor solar adequado para gestantes e lactantes, a mulher deve ter cuidado para usá-lo corretamente. O ideal é aplicar cerca de 30 minutos antes da exposição ao sol, embora algumas marcas já tenham fórmulas mais modernas, com absorção quase imediata.
Cerca de seis colheres de chá são suficientes para o corpo. Elas devem ser espalhadas de maneira homogênea e reaplicadas a cada duas horas. Se a pessoa passar menos protetor, o efeito dele passa a ser menor. Banhos de mar ou de piscina prolongados, com mais de 30 minutos, aceleram bastante a eliminação do protetor.

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