Um
estudo realizado pela Universidade de Lawoptions, no Reino Unido,
informa que uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de assédio sexual no ambiente de trabalho.
A pesquisa aconteceu com mais de 2.300 mulheres. De acordo com os pesquisadores, a maior parte das mulheres informa que o assédio partiu do seu chefe direto e 16% das voluntárias também afirmam que vão para o trabalho com medo de enfrentar este tipo de situação com os colegas.
Entre todas as entrevistadas, apenas 12% disseram ficar "chateadas" com olhares indiscretos de colegas de trabalho, 17% ficam nervosas, 7% perdem a confiança no colega e 5% culpam a si próprias pelo comportamento.
A pesquisa aconteceu com mais de 2.300 mulheres. De acordo com os pesquisadores, a maior parte das mulheres informa que o assédio partiu do seu chefe direto e 16% das voluntárias também afirmam que vão para o trabalho com medo de enfrentar este tipo de situação com os colegas.
Entre todas as entrevistadas, apenas 12% disseram ficar "chateadas" com olhares indiscretos de colegas de trabalho, 17% ficam nervosas, 7% perdem a confiança no colega e 5% culpam a si próprias pelo comportamento.
Outro dado
abordado pelo estudo mostra que com o fim do ano se aproximando, 14% das
consultadas preferem evitar as festas de confraternização com medo do
comportamento dos chefes e dos colegas de trabalho.
assédio moral?
Assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho.
A novidade reside na intensificação, gravidade,
amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer
o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não
inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o tema são recentes no
Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da pesquisa brasileira
realizada por Dra. Margarida Barreto. Tema da sua dissertação de
Mestrado em Psicologia Social, foi defendida em 22 de maio de 2000 na
PUC/ SP, sob o título "Uma jornada de humilhações".
A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na
Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica
Bérgamo. Desde então o tema tem tido presença constante nos jornais,
revistas, rádio e televisão, em todo país. O assunto vem sendo discutido
amplamente pela sociedade, em particular no movimento sindical e no
âmbito do legislativo.
Em agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro
de Marie France Hirigoyen "Harcèlement Moral: la violence perverse au
quotidien". O livro foi traduzido pela Editora Bertrand Brasil, com o
título Assédio moral: a violência perversa no cotidiano.
Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em
diferentes municípios do país. Vários projetos já foram aprovados e,
entre eles, destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis,
Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema,
Campinas, entre outros. No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que,
desde maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em tramitação
nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia,
entre outros. No âmbito federal, há propostas de alteração do Código
Penal e outros projetos de lei.
O que é humilhação?
Conceito: É um sentimento
de ser ofendido/a, menosprezado/a, rebaixado/a, inferiorizado/a,
submetido/a, vexado/a, constrangido/a e ultrajado/a pelo outro/a. É
sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado/a, revoltado/a,
perturbado/a, mortificado/a, traído/a, envergonhado/a, indignado/a e com
raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento.
E o que é assédio moral no trabalho?
É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas
durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo
mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que
predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração,
de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s),
desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a
organização, forçando-o a desistir do emprego.
Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho
em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a
seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta
prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A
vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser
hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e
desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a
vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à
competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e,
freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no
ambiente de trabalho, instaurando o ’pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima.
Em resumo: um ato isolado de humilhação não é assédio moral. Este, pressupõe:
- repetição sistemática
- intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego)
- direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório)
- temporalidade (durante a jornada, por dias e meses)
- degradação deliberada das condições de trabalho
Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato,
devemos combater firmemente por constituir uma violência psicológica,
causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é
excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos.
O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do
’novo’ trabalhador: ’autônomo, flexível’, capaz, competitivo, criativo,
agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para
a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar
’apto’ significa responsabilizar os trabalhadores pela
formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da
pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos
trabalhadores um sofrimento perverso.
A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na
vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua
identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves
danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade
laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.
A violência moral no trabalho constitui um fenômeno
internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) com diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta
para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho
em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados
Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois
segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do
’mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e
outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na
organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas
neoliberais.
(*) ver texto da OIT sobre o assunto no link:
http://www.ilo.org/public/spanish/bureau/inf/pr/2000/37.htm
Fonte: BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo: Fapesp; PUC, 2000.
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