1.05.2014

Executivo da Siemens teve ordem para destruir documentos




O gerente-geral da área de projetos corporativos da Siemens, Sergio de Bona, afirmou em depoimento à Polícia Federal que recebeu instruções para destruir "todo e qualquer documento" relativo à conta bancária secreta que ex-diretores mantinham no grão-ducado de Luxemburgo, um paraíso fiscal.

>> Ex-diretor da Siemens envolve seis políticos com cartel
A descoberta da conta pela matriz da Siemens na Alemanha, durante auditoria interna após o escândalo de corrupção mundial na empresa, resultou na demissão de Adilson Primo, então presidente da empresa no Brasil, em outubro de 2011. Primo era um dos proprietários da conta bancária em Luxemburgo, que foi irrigada com aproximadamente US$ 7 milhões de dinheiro da Siemens na Alemanha e nos Estados Unidos.


O vice-chefe do setor de compliance da Siemens na Alemanha, Mark Gough, disse, também em depoimento à PF, haver suspeitas de que a conta era utilizada para pagar propina a agentes públicos no Brasil.ligados ao governo de São Paulo.
Por conter citações de pagamento de propinas a políticos com foro privilegiado, o inquérito que apura o caso foi enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal em dezembro. O STF aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República para decidir se fica com o caso ou se o devolve à primeira instância.
Sérgio de Bona, que depôs aos policiais em 29 de novembro, está na Siemens desde 1979. Ele era o controller, responsável pela contabilidade da empresa, entre 2004 e 2006, época em que contou ter sido chamado por seu então chefe, José Manuel Romero Illana, e pelo antigo ocupante da função, José Antonio Lunardelli, a quem De Bona sucedera.
Segundo seu relato à PF, houve uma reunião entre os três, na qual Romero não entrou em detalhes, mas disse que precisava "de sua ajuda para encerrar uma conta no exterior". Em novo encontro, quando lhe apresentaram um extrato, De Bona negou o auxílio por não se tratar de uma conta da Siemens nem estar em suas atribuições de controller. O gerente-geral disse que acabou aceitando a incumbência após ser pressionado por Romero. Ele relatou ter participado de outra reunião com seu chefe, Lunardelli e o advogado Roberto Justo - este último foi quem abriu a conta em Luxemburgo.
Sobre essa ocasião, a PF anotou, citando De Bona: "Na reunião, recebeu as seguintes instruções de Justo, na presença de Lunardelli e Romero: coletar assinaturas e entregar os documentos sempre pessoalmente ao advogado, que destruísse todo e qualquer documento gerado em relação à conta, e que não deveria contar a existência da conta nem para sua mulher".
O executivo também contou à PF que em 2004, quando o quadro de sócios da empresa que era dona da conta foi alterado e Adilson Primo foi incluído entre eles, o ex-presidente da Siemens lhe entregou, em sua própria sala, cópia de seu passaporte e assinou documentos relativos à conta. Até o dia em que foi demitido pela Siemens, em 2011, Primo negava a auditores da matriz alemã ter ciência da existência da conta.
O executivo contou ainda que Romero lhe disse que a conta existia para despesas do plano de pensão para "expatriados", funcionários alemães que trabalhavam no Brasil.
Versões
O advogado Roberto Justo afirmou, por meio de sua assessoria, que prestou "consultoria institucional para a Siemens do Brasil com foco exclusivo nos tratamentos societário e fiscal de empresas no exterior". "Os documentos de empresas no exterior ficam registrados nos respectivos órgãos, não havendo nenhuma ligação com os fatos mencionados."
O criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Primo, tem reiterado que a investigação vai comprovar a inocência de seu cliente. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 24 de agosto, o ex-presidente da Siemens afirmou que apenas rubricou um documento de transferência de titularidade da conta. "Como presidente você assina 500 documentos por dia", disse. Ele sustentou que a conta era operada pela matriz da Siemens na Alemanha.
Os ex-diretores da Siemens no Brasil José Manuel Romero Illana e José Antonio Lunardelli não foram localizados. A Siemens nega que soubesse da existência da conta e tem dito que colabora com as autoridades. Colaborou Fausto Macedo.
Fonte:  O Estado de S. Paulo.

comentários(3)


É Brasil, o reino da impunidade, da corrupção, da vassalagem, da servilidade, da falsa esperteza, da desigualdade, onde a máfia está em todos os lugares.
Como o STF condenou os petistas, nada mais justo que julgar e condenar os tucanos também. Acho que esse escãndalo é até bem pequeno se comparado ao mensalão mineiro que está travado na justiça. De minha parte eu não assino carteira de ladrão para me roubar, poir isso voto NULO! 
A imprensa golpista esta de saia justa, como denunciar os seus protegidos. 
  

Ex-diretor da Siemens envolve seis políticos (PSDB E DEM) com cartel dos trens

Fernando Gallo, Ricardo Chapola, Fausto Macedo | Agência Estado
  • Divulgação | Assembleia Legislativa de SP
    Edson Aparecido (PSDB) foi apontado como um dos recebedores de propina
Em relatório entregue no dia 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer afirma que o hoje secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi apontado pelo lobista Arthur Gomes Teixeira como um dos recebedores de propina das multinacionais suspeitas de participar do cartel dos trens em São Paulo.
O ex-executivo, que é um dos seis lenientes que assinaram um acordo um mês depois com o Cade em que a empresa alemã revela as ações do cartel de trens, também cita o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado dos tucanos, como possível beneficiário.
Trata-se do primeiro documento oficial que vem a público que faz referência a supostas propinas pagas a políticos ligados a governos tucanos. Até agora, o Ministério Público e a Polícia Federal apontavam suspeitas de corrupção que envolviam apenas ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
As acusações do ex-diretor da Siemens foram enviadas pelo Cade à Polícia Federal e anexadas ao inquérito que investiga o cartel de trens no Estado de São Paulo e no Distrito Federal.
No texto, Rheinheimer afirma ainda ter em seu poder "uma série documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM". "Trata-se de um esquema de corrupção de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal", escreveu.
Outros quatro políticos são citados pelo ex-diretor da Siemens como "envolvidos com a Procint". A Procint Projetos e Consultoria Internacional, do lobista Athur Teixeira, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, é suspeita de intermediar propina a agentes públicos.
O documento faz menção ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal (Energia), deputado (PSDB-SP); Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico).
Rheinheimer foi diretor da divisão de Transportes da Siemens, onde trabalhou por 22 anos, até março de 2007.
Ele e outro leniente prestaram depoimento à Polícia Federal em regime de colaboração premiada - em troca de eventual redução de pena ou até mesmo perdão judicial, eles decidiram contar o que sabem do cartel. Esses depoimentos estão sob sigilo.
Menções
Sobre Aparecido e Jardim, Rheinheimer sustenta em seu texto que "seus nomes foram mencionados pelo diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, como sendo os destinatários de parte da comissão paga pelas empresas de sistemas (Alstom, Bombardier, Siemens, CAF, MGE, T'Trans, Temoinsa e Tejofran) à Procint".
De Aloysio, Jurandir e Garcia, diz ter tido "a oportunidade de presenciar o estreito relacionamento do diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, com estes políticos". Sobre Aníbal, anotou: "Tratava diretamente com seu assessor, vice-prefeito de Mairiporã, Silvio Ranciaro."
Ele ainda apontou o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filipelli , e o ex-governador do DF José Roberto Arruda como "políticos envolvidos com a MGE Transportes (Caterpillar)". A MGE é apontada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal como a outra rota da propina, via subcontratações - a empresa era fornecedora da Siemens e de outras companhias do cartel.
Rheinheimer diz ser o autor da carta anônima que deflagrou a investigação do cartel dos trens, enviada em 2008 ao ombudsman da Siemens. Ele relata ter feito as denúncias para se "defender de rumores sobre seu envolvimento neste escândalo". O executivo assevera que, apesar de suas denúncias, a Siemens optou por "abafar o caso".
Ameaça
No texto, ele se diz disposto a contar o que sabe, mas sugere receber em contrapartida sua nomeação para um alto cargo na mineradora Vale.
Rheinheimer afirma que queria induzir a Siemens a fazer uma autodenúncia ao Cade para facilitar a obtenção de autorização judicial para execução dos mandados de busca e apreensão nas outras empresas. Segundo ele, isso resolveria "o maior problema do Ministério Público de São Paulo, que é o acesso às provas para poder levar adiante suas investigações sobre corrupção ativa". "Além de envolver muitos projetos e dezenas de pessoas, o esquema de corrupção se estende por um longo período (1998-2012) 
 Fonte:  jornal O Estado de S. Paulo.

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